Em um contraste brutal entre diplomacia e destruição, a Rússia desferiu um dos maiores ataques coordenados dos últimos meses contra a Ucrânia, justamente quando representantes ucranianos e americanos se reuniam para discutir um plano de paz. A ofensiva, que ocorreu na madrugada, envolveu o lançamento de mais de 700 mísseis e drones contra múltiplos alvos em território ucraniano.
Uma noite de terror e destruição generalizada
Os sistemas de alerta soaram em várias cidades, forçando moradores a abandonarem suas casas em busca de segurança. Muitos encontraram refúgio nas estações de metrô, enquanto explosões e incêndios iluminavam o céu noturno. A infraestrutura civil foi severamente atingida, com um terminal ferroviário nas proximidades de Kiev sendo parcialmente destruído. Felizmente, o alerta prévio evitou vítimas fatais no local, mas vagões, trilhos e plataformas ficaram reduzidos a escombros.
O ataque teve uma consequência especialmente alarmante: a Usina Nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, ficou completamente sem energia. A interrupção no fornecimento elétrico gerou temor imediato de um desastre, já que a instalação depende de energia para resfriar seu material radioativo. O blackout durou aproximadamente meia hora, até que a energia fosse restabelecida. Autoridades monitoraram de perto e confirmaram que não houve variações nos níveis de radiação.
Negociações em andamento sob o som de sirenes
Este ataque massivo ocorreu no terceiro dia consecutivo de reuniões entre delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia na Flórida. O objetivo do encontro era avançar nas conversas de paz, impulsionadas por uma proposta americana. Do lado ucraniano, participou o secretário de Segurança Nacional, Rustem Umerov. Os Estados Unidos foram representados pelo principal negociador de paz da Casa Branca, Steve Witkoff, e por Jared Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump.
À tarde, o presidente Volodymyr Zelensky afirmou ter mantido uma longa conversa telefônica com a delegação americana, descrevendo-a como "substancial e construtiva". Ambos os lados concordaram com os próximos passos e em continuar o diálogo. A delegação ucraniana deve retornar a Kiev para relatar os detalhes a Zelensky.
Os grandes impasses: território e segurança futura
Apesar do tom positivo das declarações, nem a Casa Branca nem o governo ucraniano divulgaram avanços concretos. Os principais obstáculos para um acordo permanecem. O primeiro é o futuro dos territórios ocupados pela Rússia. Recentemente, Vladimir Putin exigiu o controle total da região de Donbass, no leste da Ucrânia, ameaçando tomar a área pela força se as tropas ucranianas não se retirarem. Atualmente, a Rússia controla cerca de 85% da região.
O segundo ponto sensível diz respeito a garantias de segurança de longo prazo para a Ucrânia. Os ucranianos buscam um compromisso formal dos Estados Unidos e da Europa para impedir futuras agressões russas. A opinião pública local reflete o cansaço de quase quatro anos de guerra, mas também a desconfiança. Como resumiu Olena, uma moradora: "Se a Ucrânia cair, eles vão querer algo mais. Estamos carregando o mundo todo nas costas".
Enquanto a delegação ucraniana se prepara para voltar do exterior, Zelensky tem uma agenda diplomática intensa. Na segunda-feira, ele viajará para Londres para se encontrar com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o chanceler alemão, Friedrich Merz, e o presidente francês, Emmanuel Macron. A Europa observa com preocupação, temendo que um acordo com muitas concessões a Moscou possa colocar em risco a segurança de todo o continente.