
Num movimento que mistura desespero com pragmatismo, a Rússia está colocando adolescentes para trabalhar naquela que é considerada a maior fábrica de drones do mundo. A medida, que lembra práticas de guerra total do século passado, está acelerando a produção enquanto o conflito na Ucrânia se arrasta.
Mão de obra juvenil na linha de frente industrial
Não é exatamente o tipo de estágio que os jovens sonham. Adolescentes russos, alguns mal saídos da escola, estão sendo treinados às pressas para montar e testar drones militares. A fábrica, um colosso industrial nos arredores de Moscou, opera 24 horas por dia — e a necessidade de corpos parece não ter fim.
"É como ver aquelas fábricas da Segunda Guerra", comenta um analista ocidental que pediu anonimato. "Só que em vez de tanques, são drones — e em vez de mulheres e idosos, são crianças."
Produção em ritmo de guerra
Os números impressionam: segundo relatos, a fábrica já produz mais de 2.000 unidades por mês. Mas a que custo? Além das questões éticas óbvias, especialistas questionam a qualidade do trabalho feito por mãos inexperientes.
- Jornadas de 12 horas são comuns
- Treinamento acelerado de apenas 2 semanas
- Falta de equipamentos de segurança adequados
E o pior? Muitos desses drones acabam caindo como pão quente no campo de batalha — quando não são abatidos pelas defesas ucranianas.
O lado humano da história
Entre os corredores da fábrica, histórias tristes se multiplicam. Ivan (nome fictício), de 16 anos, conta que largou os estudos porque o salário era "melhor que o do meu pai". "Sei que estou ajudando a guerra, mas preciso comer", diz, enquanto monta peças com dedos ainda desajeitados.
Do outro lado do conflito, soldados ucranianos relatam encontrar drones com mensagens infantis escritas em cirílico — "Para Hitler 2.0", brincou um deles, mostrando o desgaste psicológico de ambos os lados.
O que isso significa para o futuro?
Analistas militares estão de cabelo em pé. "Estão transformando crianças em peças de uma máquina de guerra", dispara Olga Mikhailova, especialista em ética militar. "E o pior é que isso pode virar tendência em outros conflitos."
Enquanto isso, o Kremlin nega qualquer irregularidade. "São programas de aprendizagem voluntários", afirma um porta-voz, sem explicar por que tantos "voluntários" são menores de bairros pobres.
Uma coisa é certa: a guerra está criando uma geração perdida — e a Rússia parece disposta a sacrificá-la no altar de suas ambições.