A prefeita de Piripiri, Jôve Oliveira do PT, se envolveu em uma polêmica racial ao publicar um vídeo utilizando blackface no Dia da Consciência Negra. O conteúdo, compartilhado na quinta-feira, 20 de novembro, foi removido minutos depois devido à forte repercussão negativa.
As desculpas públicas
Em nova publicação na sexta-feira, 21 de novembro, a gestora municipal pediu desculpas publicamente pelo ocorrido. Jôve Oliveira afirmou que desconhecia o significado do termo blackface e a prática considerada racista.
"Infelizmente, por desconhecer o significado do blackface, acabei cometendo esse equívoco", escreveu a prefeita em suas redes sociais. "Por isso estou aqui, publicamente, pedindo desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas."
O conteúdo do vídeo polêmico
No material que causou controvérsia, a prefeita aparecia removendo tinta escura do rosto enquanto falava sobre a importância do Dia da Consciência Negra. Em seu discurso, ela incentivava a reflexão sobre o racismo estrutural e a necessidade de uma postura antirracista na sociedade.
"Gente, hoje é dia de reflexão. Celebrarmos também os avanços, mas refletirmos sobre as tragédias que ainda ocorrem com pessoas que, pelo simples fato de nascerem negras, são humilhadas, discriminadas, achincalhadas", declarou Jôve no vídeo.
O que é blackface e por que é ofensivo?
O blackface é uma prática considerada racista que surgiu por volta de 1830 nos Estados Unidos. O termo vem do inglês "black" (negro) e "face" (rosto), consistindo na pintura do rosto de pessoas brancas para representar pessoas negras de forma estereotipada e caricatural.
Conforme explica Kehinge Andrews, da Birmingham City University no Reino Unido, "O 'blackface' tem raízes no racismo, que está ligado ao medo de pessoas negras e à ridicularização delas". A prática era utilizada para entreter audiências brancas às custas de um grupo minoritário que lutava por direitos civis após séculos de escravidão.
Contexto político complicado
A polêmica do blackface surge em um momento delicado para a prefeita. A Justiça Eleitoral cassou os mandatos de Jôve Oliveira e do vice Hilton Martins Osório em decisão publicada no dia 14 de novembro.
O motivo da cassação foi abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social. Segundo o juiz José Eduardo Couto de Oliveira, da 11ª Zona Eleitoral de Piripiri, a prefeitura contratou rádios e TVs para divulgar ações do governo, mas o conteúdo teria promovido pessoalmente a prefeita.
Os dois seguem nos cargos porque ainda cabe recurso da decisão. A prefeita se manifestou nas redes sociais afirmando estar "convicta de que o tribunal corrigirá esse equívoco".
O caso do blackface na data dedicada à reflexão sobre a consciência negra levanta importantes discussões sobre educação antirracista e o conhecimento histórico de práticas consideradas discriminatórias.
