Lula terá desfile-exaltação no Sambódromo em fevereiro de 2026
Desfile exalta Lula no Carnaval 2026 no Sambódromo

Desfile político no Sambódromo marcará início da campanha eleitoral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será alvo de uma homenagem grandiosa no Carnaval de 2026. A Acadêmicos de Niterói prepara um desfile-exaltação ao mandatário que ocorrerá no Sambódromo do Rio de Janeiro em 15 de fevereiro de 2026, às 22 horas, domingo de Carnaval.

O espetáculo terá duração de oitenta minutos e contará com transmissão ao vivo para todo o país. Um coro de 2 mil vozes, acompanhado pela bateria da escola de samba, executará um samba-enredo especialmente composto para glorificar o presidente-candidato na abertura do ano eleitoral.

Samba-enredo encomendado exalta trajetória de Lula

Nove compositores, liderados por Teresa Cristina, produziram versos que celebram a vida e obra do candidato à reeleição. Entre os trechos do samba está a incorporação da famosa vinheta de campanha "Olê, olê, olê, olá/ Lula, Lula".

As letras fazem referência direta ao legado político de Lula, com versos como: "É, teu legado é o espelho das minhas lições/ Sem temer tarifas e sanções/ Assim que se firma a soberania/ Sem mitos falsos, sem anistia". Outro trecho questiona: "Quanto custa a fome? Quanto custa a vida?/ Nosso sobrenome é Brasil da Silva...".

Financiamento e bastidores políticos

O evento tem como veículo uma escola de samba que recebe 4 milhões de reais em financiamento da prefeitura de Niterói. Nos bastidores da organização está Rodrigo Neves, prefeito no terceiro mandato pela cidade.

Neves, um sociólogo de 49 anos com formação na juventude católica, foi importante para a consolidação do Partido dos Trabalhadores na região da Baía de Guanabara durante o século passado. Atualmente filiado ao PDT, o prefeito alimenta ambições de governar o estado do Rio.

A oposição já sinaliza que pode apresentar queixas sobre concorrência desleal devido ao caráter eleitoral do evento em pleno período de campanha.

Paralelos históricos com a era Vargas

O samba-exaltação a Lula aos 80 anos representa uma nova tentativa publicitária de associá-lo a Getúlio Vargas, figura que paradoxalmente foi seu "inimigo imaginário" durante as greves de metalúrgicos no ABC paulista no final da década de 1970.

Naquela época, Lula incorporava o "antipelego" e acreditava que a emancipação política dos trabalhadores só seria possível após o funeral do legado trabalhista do Estado Novo.

Entretanto, desde 2006, durante sua campanha pela reeleição, o ex-líder metalúrgico vem se desculpando publicamente com a memória do político gaúcho. Em reuniões recentes no Palácio do Planalto e no PT em São Paulo, Lula reiterou seu arrependimento: "Nasci na política criticando Getúlio. Hoje, tenho compreensão da importância das lutas de Getúlio em sua volta ao governo pelo voto".

O culto à personalidade na política brasileira

A estratégia remete à era do rádio, quando Getúlio Vargas foi tema de inúmeras músicas, muitas estimuladas e editadas pela seção de propaganda oficial. Após seu retorno ao governo pelo voto em 1950, as rádios tocavam sambas como o de Geraldo Pereira que celebravam sua figura.

Vargas permaneceu dezoito anos no poder e cultivou a imagem de "pai dos pobres" até seu suicídio em 1954. Após sua morte, tornou-se mito para compositores como Braguinha (João de Barro), que escreveu: "Tu vais na História ficar/ Deixas os braços do povo/ Para subir ao altar".

O artigo original menciona que há quatro décadas assiste-se a um culto à personalidade de Lula. Na noite de verão de fevereiro de 2026, ele será conduzido à Apoteose sob os holofotes da Marquês de Sapucaí, em um evento que promete marcar o início da temporada eleitoral.