Ausência de líderes do Congresso em sanção de isenção do IR expõe crise política
Ausência no evento de Lula expõe crise política

Ausência de líderes do Congresso marca sanção da isenção do Imposto de Renda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quarta-feira a lei que isenta do Imposto de Renda os brasileiros que ganham até R$ 5 mil mensais, mas a cerimônia no Palácio do Planalto foi marcada pela ausência dos presidentes da Câmara e do Senado, evidenciando as tensões políticas entre o governo federal e o Congresso Nacional.

Detalhes da nova legislação tributária

As novas regras do Imposto de Renda começam a valer a partir de janeiro de 2026 e estabelecem que trabalhadores com rendimento mensal de até R$ 5 mil terão isenção total. Para aqueles que recebem entre R$ 5 mil e R$ 7.350 por mês, a isenção será parcial, com descontos variando de acordo com a renda de cada contribuinte.

Para compensar a perda de arrecadação, o projeto aprovado cria um Imposto de Renda mínimo para quem tem renda mensal acima de R$ 50 mil ou R$ 600 mil anuais. A alíquota progressiva pode chegar a 10%, mas se a única fonte de renda for o salário, o contribuinte não será afetado porque já tem desconto na fonte com alíquota de 27,5%.

Tensão política fica evidente

Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), não compareceram à cerimônia no Planalto, mesmo sendo figuras centrais no processo legislativo. A assessoria de Motta informou que o parlamentar tinha outros compromissos na agenda, enquanto a de Alcolumbre não apresentou justificativa para a ausência.

Nos discursos, ministros e o próprio presidente Lula tentaram minimizar as ausências, mas o clima de desgaste nas relações entre o Palácio do Planalto e o Congresso tem ficado mais visível nas últimas semanas, acendendo um alerta no governo que tem pautas importantes para serem votadas, incluindo o Orçamento de 2026.

Contexto das desavenças políticas

As razões para o afastamento dos líderes do Congresso têm explicação em eventos recentes. Na segunda-feira (24), Hugo Motta anunciou em entrevista à Folha de S.Paulo que havia rompido com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, criticando sua atuação para desgastar a imagem da Câmara.

Já Davi Alcolumbre reagiu negativamente à indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, pelo presidente Lula para uma vaga no STF. O presidente do Senado defendia que o escolhido fosse o senador Rodrigo Pacheco (PSD).

Como demonstração de força, Alcolumbre pautou e o Senado aprovou na terça-feira (25), por 57 votos a 0, um projeto que concede aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate a endemias. No jargão político, trata-se de uma pauta-bomba que, segundo o governo, custará R$ 40 bilhões aos cofres públicos em dez anos.

Perspectivas de superação

Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou otimismo sobre a superação das divergências: Há um estremecimento momentâneo em virtude de alguma disputa, alguma expectativa frustrada. O que é natural. Mas eu tenho confiança de que isso passa, afirmou Haddad, acrescentando que o governo espera terminar o ano com Orçamento equilibrado para 2026.

A cerimônia de sanção da lei contou com a presença de parlamentares, sindicalistas e ministros, mas as cadeiras vazias dos principais líderes do Congresso falaram mais alto sobre os desafios que o governo enfrenta para aprovar sua agenda legislativa.