Enquanto os investidores respiram aliviados com os dados de inflação controlada nos Estados Unidos, o Brasil segue nadando contra a maré. Apesar do cenário internacional favorável, a taxa básica de juros brasileira deve permanecer em patamares elevados por mais tempo, e a culpa é exclusivamente nossa.
O alívio americano que não chegou aqui
O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, vem sinalizando possíveis cortes em sua taxa de juros após sucessivos relatórios mostrando inflação sob controle. Normalmente, esse movimento abriria espaço para outros países também flexibilizarem suas políticas monetárias. Mas o Brasil é uma exceção preocupante.
Segundo analistas consultados pela VEJA, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve manter a Selic em 10,75% ao ano em sua próxima reunião, frustrando expectativas de investidores e empresários.
O verdadeiro vilão: a política fiscal brasileira
O que impede o Brasil de seguir o movimento internacional de queda nos juros? A resposta está em Brasília, não em Washington. A política fiscal expansionista do governo Lula e a falta de credibilidade nas contas públicas mantêm o Banco Central de sobreaviso.
"Enquanto não houver um claro compromisso com o equilíbrio fiscal, o BC terá dificuldade em reduzir os juros de forma consistente", explica um economista de grande instituição financeira.
Os números que preocupam o mercado
- Meta fiscal para 2025 considerada "irreal" por analistas
- Pressão por aumento de gastos no Congresso
- Dívida pública ainda em trajetória de crescimento
- Inflação de serviços segue resistente
Consequências para o seu bolso
Com a Selic mantida em patamares elevados, os reflexos são sentidos por todos:
- Crédito mais caro para pessoas e empresas
- Financiamentos imobiliários com juros elevados
- Cartão de crédito e cheque especial com taxas exorbitantes
- Investimentos em renda fixa ainda atraentes, mas com liquidez reduzida
O cenário atual representa um dilema complexo para as autoridades: como estimular o crescimento sem abandonar o controle inflacionário? Enquanto essa equação não for resolvida, os juros altos seguirão como o preço da desconfiança.