Padre é alvo de processo por declarações sobre Preta Gil
O padre Danilo César de Sousa Bezerra, de 31 anos, enfrenta um processo movido pelo cantor Gilberto Gil por danos morais após fazer declarações polêmicas sobre a filha do artista durante uma missa. O caso ocorreu na Paróquia de Areial, na Paraíba, e gerou ampla repercussão nas redes sociais.
Inquérito policial é arquivado, mas processo civil continua
Nesta segunda-feira (10), a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o caso e decidiu não indiciar o padre à Justiça. De acordo com as investigações, após ouvir diversas testemunhas, a polícia entendeu que a conduta do religioso não é tipificada pela lei como crime.
O episódio aconteceu no dia 27 de julho, durante uma homilia transmitida ao vivo pelo YouTube da paróquia de São José, em Areial. Na ocasião, o padre Danilo César citou a morte da cantora Preta Gil, vítima de câncer colorretal nos Estados Unidos, e associou a fé dela em religiões de matriz afro-indígenas ao sofrimento e morte.
Declarações polêmicas geram indignação
Entre as frases proferidas pelo padre que causaram polêmica, destacam-se: "Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?".
O vídeo da missa foi retirado do ar após a grande repercussão negativa nas redes sociais. A transmissão ao vivo havia sido realizada pelo canal oficial da paróquia no YouTube.
Processo por danos morais busca indenização de R$ 370 mil
Gilberto Gil moveu um processo por danos morais contra o padre e a Paróquia de Areial, cobrando uma indenização de R$ 370 mil. No documento, os advogados da família de Preta Gil argumentam que a conduta do padre foi grave e configura diversos crimes, incluindo:
- Intolerância religiosa
- Racismo religioso
- Injúria
- Ultraje religioso
O processo também alega que as falas do padre Danilo César são de "alta reprovabilidade" e teriam sido "referendadas pela Diocese de Campina Grande", entidade responsável pela paróquia onde o padre atua.
Associação pede respeito mútuo e condena violência
No dia 1º de agosto, a associação que fez o primeiro boletim de ocorrência sobre o caso emitiu uma nova nota afirmando ser contra qualquer tipo de "represália, anarquia ou violência" contra o padre. A entidade declarou buscar "resposteito mútuo" entre as diferentes religiões e cobrou apenas as investigações pelas falas do religioso.
O caso continua em andamento na esfera cível, mesmo com o arquivamento do inquérito policial, mantendo o debate sobre intolerância religiosa e liberdade de expressão no cenário nacional.