Indígenas Munduruku interrompem entrada da COP30 em protesto por consulta prévia
Munduruku protestam na COP30 por falta de consulta prévia

Um protesto organizado pelo povo Munduruku interrompeu o acesso principal da COP30 em Belém durante as primeiras horas desta sexta-feira. O movimento, articulado pelo Movimento Munduruku Ipereg Ayu, bloqueou a entrada da chamada Blue Zone do evento climático da ONU.

Protesto começa antes do amanhecer

Os indígenas iniciaram a manifestação pouco depois das 5h da manhã, posicionando-se próximos aos portões do complexo onde ocorre a conferência climática. Eles formaram um cordão humano que impediu a circulação de trabalhadores e prestadores de serviço que tentavam acessar o local para suas atividades diárias.

A situação só foi normalizada cerca de quatro horas depois, por volta das 9h40, quando os manifestantes decidiram liberar a passagem. Durante todo esse período, o acesso ao importante centro de eventos permaneceu comprometido.

Reivindicações dos Munduruku

Lideranças do grupo explicaram que o principal objetivo do protesto era conseguir uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles afirmam que diversos projetos do governo federal estão avançando sem o devido diálogo com as comunidades indígenas.

Entre os empreendimentos citados pelos manifestantes estão:

  • Projetos de hidrovias e portos privados
  • Iniciativas relacionadas ao crédito de carbono
  • Ações ligadas ao agronegócio

Os indígenas alertam que essas iniciativas podem resultar em impactos diretos sobre seus territórios tradicionais, afetando seu modo de vida e o meio ambiente onde vivem.

Contexto da manifestação

O protesto ocorre em um momento crucial, quando o mundo inteiro está voltado para as discussões sobre mudanças climáticas na COP30. Os Munduruku aproveitaram a visibilidade internacional do evento para chamar atenção para suas demandas.

A consulta prévia é um direito garantido pela Convenção 169 da OIT, da qual o Brasil é signatário. O instrumento estabelece que povos indígenas e comunidades tradicionais devem ser consultados sempre que forem previstas medidas legislativas ou administrativas que possam afetá-los diretamente.

O movimento Munduruku Ipereg Ayu tem se destacado na defesa dos direitos indígenas e na resistência contra projetos que consideram prejudiciais aos seus territórios e tradições.