Jovem é absolvida após 2 anos e 7 meses presa por legítima defesa
Mulher absolvida após 2 anos presa em legítima defesa

Uma jovem de 23 anos recuperou sua liberdade após passar mais de dois anos e meio na cadeia por um crime que não cometeu. Adriele Aparecida Guilherme de Andrade foi absolvida pelo Tribunal do Júri após ficar detida no Centro de Detenção Provisória Feminino de Franco da Rocha.

Dois anos e sete meses de injustiça

Adriele permaneceu presa desde 2 de abril de 2023, acusada de tentar matar o próprio padrasto a facadas. No entanto, o júri reconheceu que a jovem agiu em legítima defesa, após ser violentamente atacada por Daniel Borges da Silva.

O caso ocorreu na cidade de São Vicente, no litoral de São Paulo, quando Adriele foi até a casa da mãe para entregar alguns talheres. Ela não sabia que o padrasto estaria no local, já que ele costumava vender objetos da residência para comprar drogas.

A verdade por trás da agressão

Durante uma discussão sobre mensagens enviadas à irmã de Adriele, a jovem chamou Daniel de "pedófilo". Foi quando o homem a atacou, enforcando-a e agredindo-a fisicamente. Em defesa própria, Adriele reagiu usando um talher que carregava.

O advogado de defesa, Mário Badures, sustentou consistentemente a tese de legítima defesa durante todo o processo. Ele destacou o histórico violento do padrasto, que inclusive responde a outro processo por lesão corporal e foi preso em 2024 por agredir outra companheira.

Falta de provas e vitória da justiça

Em comunicado, a defesa criticou severamente a falta de provas concretas no caso e as sucessivas negativas aos pedidos de liberdade durante o processo. "O que imperou até então foi a prova de ouvir dizer oriunda da vítima, contumaz agressor de mulheres", afirmou o texto.

O documento ainda ressaltou que Daniel Borges da Silva nunca prestou depoimento nos autos do processo. Enquanto Adriele permanecia presa, o padrasto foi novamente detido em junho de 2024, suspeito de agredir a companheira com quem vivia em Gália, no interior de São Paulo.

Nos autos do processo, foram anexados trechos de boletim de ocorrência onde a então companheira de Daniel relatou agressões frequentes, uso de drogas, furtos de objetos da casa e ameaças de morte.

A absolvição em plenário põe fim a um processo que, segundo a defesa, jamais deveria ter chegado ao júri. O Ministério Público abdicou de recorrer da decisão, confirmando a vitória jurídica que devolveu a liberdade à jovem após longos 31 meses de detenção injusta.