Casal paga R$ 37 mil por abandonar criança em fórum após desistir de adoção
Casal paga R$ 37 mil por abandonar criança em fórum

Um casal do Paraná foi condenado ao pagamento de R$ 37 mil em indenização por danos morais a uma criança que foi abandonada nas dependências do Fórum de Curitiba após a desistência de um processo de adoção. O caso, que chocou a opinião pública, revela as graves consequências emocionais que o abandono pode causar às crianças envolvidas em processos de adoção.

O abandono e suas consequências

Segundo informações do Ministério Público do Paraná, o casal havia passado aproximadamente quatro meses em estágio de convivência com o menino, que tinha 10 anos na época dos fatos. O período de convivência é a fase anterior à finalização da adoção, onde a família e a criança se conhecem melhor antes da decisão definitiva.

Os adultos simplesmente deixaram a criança no fórum sem oferecer qualquer justificativa para o ato. Testemunhas relataram que o menino começou a chorar ao perceber que estava sendo abandonado, sendo posteriormente acolhido por servidores do local.

Aumento da indenização

Inicialmente, o casal havia sido condenado em primeira instância ao pagamento de 15 salários mínimos. No entanto, o Ministério Público considerou esse valor insuficiente diante da gravidade do caso e pediu o aumento para 25 salários mínimos, argumentando que o trauma causado à criança era proporcionalmente maior.

O órgão ministerial destacou que o abandono ocorreu de forma "degradante, cruel e violenta", conforme descrito nos autos do processo. A decisão final estabeleceu o valor de R$ 37 mil, equivalente a aproximadamente 25 salários mínimos.

Impactos psicológicos na criança

As consequências do abandono foram severas para a criança, que voltou ao sistema de acolhimento institucional após o ocorrido. De acordo com o Ministério Público, o menino desenvolveu diversos problemas emocionais, incluindo:

  • Crises de ansiedade
  • Sentimento de autodepreciação
  • Comportamento retraído
  • Agressividade
  • Baixa autoestima

O MP também ressaltou que o casal não seguiu as orientações técnicas da equipe que acompanhava o processo de adoção, agindo de forma independente e sem o suporte profissional necessário.

Contexto legal e possibilidade de recurso

Apesar de a legislação brasileira permitir a desistência durante o processo de adoção, especialistas alertam que essa prática pode causar danos psicológicos graves às crianças envolvidas. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que adultos que desistem de processos de adoção em andamento sejam excluídos permanentemente dos cadastros de adoção.

O processo judicial corre sob sigilo, garantindo a proteção da identidade da criança. Ainda cabe recurso da decisão, o que significa que o valor da indenização pode ser modificado em instâncias superiores.

Este caso serve como um importante alerta sobre a responsabilidade emocional envolvida nos processos de adoção e as sérias consequências que decisões precipitadas podem ter na vida de crianças que já passaram por situações de vulnerabilidade.