Criadora de bonecas reborn em Campinas fatura até R$ 300 mil por mês
Artista de Campinas fatura R$ 300 mil com bonecas reborn

A arte hiper-realista das bonecas reborn se tornou um fenômeno nacional em 2025, ganhando até espaço no remake da novela Vale Tudo. Em Campinas, no interior de São Paulo, essa paixão se transformou em um negócio milionário nas mãos da artista Alana Nascimento, de 46 anos.

De hobby a império das bonecas realistas

Com 22 anos de experiência, Alana contou ao g1, em maio, que abandonou a faculdade de enfermagem no último semestre para se dedicar exclusivamente à confecção das bonecas. A decisão valeu a pena: ela chegou a vender uma única unidade por R$ 10 mil e, em meses de alta procura como Dia das Mães e Natal, seu faturamento mensal pode atingir a marca impressionante de R$ 300 mil.

Seu sucesso nas redes sociais é um dos pilares do negócio. Um vídeo no TikTok, onde seu perfil acumula 2,6 milhões de curtidas, alcançou a marca de 5,3 milhões de visualizações. No conteúdo, ela apresenta uma de suas criações mais realistas, que ela chama carinhosamente de "maternidade".

O processo criativo e o conceito de maternidade

A trajetória de Alana começou de forma humilde. Ex-babá e com curso técnico de enfermagem, ela iniciou customizando bonecas comuns como um hobby. Tudo o que ganhava era reinvestido em materiais e cursos de pintura para aperfeiçoar a técnica.

Em 2009, ela abriu sua loja física, mas foi durante a pandemia que surgiu a ideia que a diferenciou: criar uma "maternidade de bonecas". Ela passou a expor as peças em incubadoras reais, descartadas por hospitais e restauradas. Suas funcionárias são chamadas de "enfermeiras" e realizam "partos" simbólicos, onde a boneca é apresentada saindo de uma bolsa amniótica, com direito a cordão umbilical.

A produção é minuciosa e pode levar até três semanas:

  • Uso de materiais como vinil e silicone para maior realismo.
  • Cada parte do corpo recebe de 10 a 20 camadas de tinta, indo ao forno após cada aplicação.
  • Implantação do cabelo fio a fio, com agulhas específicas.

Com uma equipe, Alana produz entre 10 e 20 bonecas por mês, com preços que variam de R$ 750 a R$ 10 mil. A boneca mais cara chega a ter um custo de produção de R$ 6 mil.

Terapia, críticas e superação

O público de Alana é diverso, indo de colecionadores a crianças. Ela destaca o poder terapêutico das bonecas, contando o caso de uma cliente que, após cuidar de um reborn por dois anos, conseguiu engravidar. "Ela pôs o sentimento naquela boneca, e acabou esquecendo da dificuldade", relata a artista.

Seu trabalho já teve até um propósito educativo, com a criação de bonecas com feridas simuladas para uma ONG ensinar mães de crianças com doenças raras da pele a fazer curativos.

Contudo, o sucesso também atraiu críticas. Alana relata ter sido chamada de "louca" e acusada de tentar "substituir Deus". Ela rebate: "Isso é uma obra de arte, eu não estou aqui para substituir filho de ninguém". Para ela, o universo reborn é "8 ou 80", mas o importante é o respeito.

Mãe de trigêmeos, Alana concilia a rotina no ateliê e na loja com a maternidade, contando com ajuda familiar. Sua história, que começou com uma exposição de apenas 12 bonecas em um shopping de Campinas, é um testemunho de como a arte, a perseverança e uma boa estratégia de marketing podem construir um empreendimento de grande sucesso.