
Nem a inflação nem o aperto no orçamento familiar conseguiram segurar o ímpeto dos brasileiros na hora de presentear os pais. Segundo dados fresquinhos da Cielo, o faturamento do varejo físico deu um salto de 5,9% neste Dia dos Pais — e olha que a data caiu num domingo, tradicionalmente mais fraco para o comércio.
Quem trabalha no setor já sabia: a sexta-feira anterior foi de correria nos shoppings. "Parecia Black Friday", brincou um vendedor de eletrônicos em São Paulo, enquanto arrumava caixas de fones de ouvido premium que voaram das prateleiras. E não foi só lá: de norte a sul do país, as máquinas de cartão não pararam de cantar.
O que esquentou o caixa?
Dá pra listar três grandes vilões (ou heróis, dependendo do ponto de vista) dessa farra consumista:
- Tecnologia que encanta — smartphones de última geração e acessórios gamers lideraram as preferências
- Experiências em alta — jantares em restaurantes premium e pacotes de viagem surpreenderam
- O velho e bom desconto — promoções "leve 3, pague 2" em perfumarias fizeram a festa
Curiosamente, enquanto o comércio físico vibrava, o online cresceu apenas 1,3%. Será que o brasileiro redescobriu o prazer de comprar olho no olho? Ou foi só a pressa de última hora falando mais alto?
Regionalismos que contam
O Sudeste, claro, puxou o bonde da prosperidade com 7,2% de aumento. Mas quem roubou a cena foi o Nordeste — aquele jeito caloroso de celebrar a família se traduziu em 4,8% mais transações. No Centro-Oeste, presentear parece ter pesado no bolso: alta modesta de 2,1%.
E os presentes? Ah, aí a história muda. Enquanto no Rio dominaram os eletrônicos, em Minas o que vendeu foi "experiência": reservas em churrascarias famosas esgotaram semanas antes. Já no Paraná, kits de churrasco e facas de chef fizeram sucesso — claramente, uma declaração de amor àquele almoço de domingo.
Os especialistas estão coçando a cabeça. Num ano de juros nas alturas, como explicar esse fôlego consumista? Talvez a resposta esteja na mesa de jantar, entre um gole de cerveja e aquele abraço apertado no velho. Afinal, presentear pai é quase um ato de resistência cultural no Brasil.