Uma nova rodada de pesquisas eleitorais, especialmente o levantamento da Quaest divulgado esta semana, interrompeu a trajetória de melhora na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e reacendeu a cautela entre investidores do mercado financeiro. A análise foi feita pelo economista Alex André durante o programa Mercado, apresentado por Veruska Donato.
Operação policial no Rio freia popularidade
Segundo o especialista, Lula vinha reduzindo gradualmente sua desaprovação e ampliando pontos na aprovação, mas essa linha de crescimento estancou após a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro. O episódio, que ganhou destaque nacional, expôs o que analistas consideram o maior flanco político do governo: a segurança pública.
O economista citou dados que mostram que a maior parte dos moradores de comunidades e da população brasileira apoiou a operação, classificando-a como necessária no combate ao crime organizado. Essa percepção popular acabou acentuando o mal-estar provocado pela postura inicial do governo, que tratou os traficantes mortos como "vítimas".
Mesmo após a correção do discurso governamental, o estrago político já estava feito. Para Alex André, esse tropeço explica diretamente a freada na curva de aprovação do governo. "É tudo muito sensível. Cada pesquisa que sai mexe com os números", afirmou o economista.
Mercado reage a sinais políticos
O mercado financeiro reage a esses movimentos porque avalia não apenas a conjuntura econômica imediata, mas também fatores como governabilidade, ambiente regulatório e clima político até o início da campanha eleitoral de 2026. A interrupção na melhora dos índices de Lula acendeu um sinal de alerta entre investidores.
Alex André destacou que a direita brasileira já entrou em modo sucessório para as eleições de 2026. A tentativa de Jair Bolsonaro - atualmente inelegível - de receber Tarcísio de Freitas em sua residência, mediante autorização do ministro Alexandre de Moraes, foi interpretada pelo mercado como um gesto claro: o ex-presidente quer antecipar a bênção a um nome competitivo.
Desafios da direita e cenário eleitoral
Tarcísio de Freitas, no entanto, ainda enfrenta um desafio evidente: é muito conhecido em São Paulo, mas pouco no restante do país. A direita, segundo Alex, precisará acelerar a construção da imagem nacional do governador caso queira disputar em condições de equilíbrio com Lula, que segue como nome natural da esquerda.
O mercado já projeta uma eleição novamente polarizada, com Lula de um lado e o candidato unificado da direita do outro. A definição precoce desses nomes tende a aumentar a volatilidade dos ativos financeiros, já que cada nova pesquisa pode alterar expectativas sobre reformas, condução fiscal e ambiente de negócios.
"Será uma disputa dura, e toda oscilação nas pesquisas muda o humor dos investidores", concluiu o economista, ressaltando que a corrida sucessória de 2026 já começou e seus efeitos já são sentidos no mercado financeiro.