Condomínio em Mogi das Cruzes enfrenta crise de manutenção há 4 anos
Crise em condomínio de Mogi das Cruzes há 4 anos

Um condomínio localizado em Mogi das Cruzes, no distrito de Jundiapeba, enfrenta uma grave crise de manutenção que já dura pelo menos quatro anos, segundo relatos dos próprios moradores. Os residentes do Condomínio Jundiapeba 1, situado na rua Doutor Francisco Soares Marialva, denunciam a falta de transparência por parte da administração e uma série de problemas estruturais que comprometem a segurança e o bem-estar de todos.

Problemas crônicos e reclamações dos moradores

Entre as principais queixas apresentadas pelos condôminos estão a falta de extintores de incêndio, corrimãos ausentes, grades de segurança incompletas, tetos com infiltrações e pisos quebrados. A situação se arrasta desde 2019, conforme relatou a moradora Simone Policarpo, que descreveu o local como "um verdadeiro caos".

"Caixa d'água não é lavada, fios expostos nos corredores, bueiro entupido e grades quebradas. É um verdadeiro caos aqui", afirmou Simone. A técnica em radiologia Ana Lígia Veloso de Deus complementou que a justificativa dada aos moradores é que, devido à alta inadimplência, não existem recursos suficientes para realizar os reparos necessários.

Gestão condominial e inadimplência

O síndico Washington Gomes reconheceu os problemas estruturais do condomínio, mas destacou que a inadimplência é o principal obstáculo para resolver as questões de manutenção. De acordo com ele, dos 280 apartamentos do residencial, 153 estão em situação de não pagamento das taxas condominiais.

"É impossível resolver em poucos anos o desgaste e o abandono de todo o tempo do apartamento. Todos os reparos foram projetados e aprovados, mas falta dinheiro. Hoje, de 280 apartamentos, tenho 153 não pagantes. A renda do condomínio fica muito restrita", explicou o síndico.

Washington Gomes também ressaltou que não realiza a gestão financeira diretamente, pois o condomínio contratou uma administradora para essa função. Ele apresentou atas de assembleias e demonstrativos financeiros para rebater as críticas sobre falta de transparência.

Obras realizadas e prioridades

O síndico listou algumas melhorias implementadas durante sua gestão, que já dura cinco anos. Entre as obras realizadas estão a construção do muro do condomínio, reforma de oito dos catorze telhados existentes, melhorias no sistema de encanamento, implantação de portaria 24 horas e restauração completa do salão de reuniões.

"Estou no meu quinto ano lá. O condomínio não tinha muro e conseguimos murar o condomínio. São 14 blocos sem telhados e tava chovendo tudo. Nós já reformamos oito telhados", detalhou Gomes.

Posicionamento das empresas envolvidas

O Grupo Support, administradora do residencial, emitiu nota destacando sua longa atuação no setor condominial e afirmando que a prestação de contas é feita anualmente em assembleias presenciais, conforme determina a convenção do condomínio. A empresa também mencionou a disponibilização de relatórios financeiros nos boletos mensais e através de aplicativo próprio.

A empresa ressaltou que o condomínio enfrenta um número "assombroso" de inadimplentes e citou outras irregularidades como invasores, uso das unidades para fins comerciais e tráfico de entorpecentes nas dependências do local.

Já a Cury Construtora, responsável pela construção do conjunto habitacional, garantiu que os imóveis foram entregues em 2013 sem quaisquer danos. A empresa afirmou que, ao longo dos cinco anos de garantia e durante os dez anos de prescrição para propor ações, não houve registros de infiltração ou solicitação de reparo.

A Caixa Econômica Federal informou que o condomínio foi contratado no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida - Faixa 1, com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), e que a conservação das áreas comuns e das unidades habitacionais é atribuição do condomínio e dos condôminos, conforme previsto na legislação.

Conclusão

A situação do Condomínio Jundiapeba 1 ilustra um ciclo vicioso comum em muitos condomínios brasileiros: a inadimplência impede os reparos necessários, que por sua vez geram mais insatisfação entre os moradores. Enquanto a administração alega transparência e esforços para melhorar a situação, os residentes continuam convivendo com problemas estruturais que afetam sua qualidade de vida e segurança.

O síndico finalizou afirmando que todos os problemas foram catalogados e levados para assembleia, mas que a resolução depende do tempo e da conscientização dos moradores sobre a importância do pagamento das taxas condominiais.