Pix completa 5 anos com 30% menos saques e 26 trilhões movimentados
Pix completa 5 anos revolucionando pagamentos no Brasil

O sistema de pagamentos instantâneos Pix, criado pelo Banco Central, celebra cinco anos de existência transformando radicalmente os hábitos financeiros dos brasileiros. Lançado em novembro de 2020, a ferramenta não apenas substituiu o dinheiro em papel como também promoveu a inclusão financeira em massa e acelerou a formalização de negócios.

A revolução dos números: do 1% ao dobro de bancarizados

Os dados apresentados pelo Banco Central nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025, revelam um crescimento exponencial do Pix. Em 2021, primeiro ano completo de funcionamento, foram registradas 9,4 bilhões de transações, enquanto em 2024 esse número saltou para 63 bilhões de operações.

Em valores, o avanço foi ainda mais impressionante: de R$ 5 trilhões movimentados em 2021 para R$ 26 trilhões em 2024, um aumento de cinco vezes que representa mais que o dobro do Produto Interno Bruto brasileiro, atualmente na casa dos R$ 12 trilhões anuais.

Renato Gomes, diretor do BC para Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, destacou durante live comemorativa que "o Pix trouxe muita gente nova para o sistema". O número de usuários ativos no sistema financeiro – pessoas que fizeram ao menos uma movimentação bancária ou tomaram crédito nos últimos três meses – dobrou em cinco anos: de 77 milhões no final de 2018 para 152 milhões em 2023.

Queda histórica nos saques e avanço da digitalização

O impacto do Pix sobre o uso do dinheiro físico foi dramático. A quantidade de saques em bancos e caixas eletrônicos caiu mais de 30% desde a implementação do sistema. No terceiro trimestre de 2020, último antes do lançamento do Pix, foram realizados 1 bilhão de saques no país. Já no terceiro trimestre de 2024, esse número havia caído para 660 milhões.

"O grande item que foi substituído pelo Pix foi dinheiro", afirmou Gomes, ressaltando que mesmo com mais pessoas tendo relacionamento com bancos ou fintechs, os saques diminuíram significativamente.

Empresas e formalização: o outro lado da revolução

O Pix também acelerou a digitalização e formalização do comércio, especialmente entre pequenos negócios que ainda operavam predominantemente com dinheiro vivo. O perfil dos usuários da ferramenta mudou radicalmente: no primeiro ano, 90% das transações eram entre pessoas físicas, incluindo comerciantes informais que recebiam pagamentos em contas pessoais.

Atualmente, metade das transações já vai para estabelecimentos comerciais formais. O número de empresas realizando operações bancárias saltou de 2,2 milhões de CNPJs em 2018 para 12 milhões em 2023.

Gomes destacou que "o Pix tem um custo de transação muito baixo", com taxas em torno de 0,3% para pessoas jurídicas – quando não é totalmente gratuito para pequenos negócios – comparado a 1% no cartão de débito e valores ainda maiores no crédito.

Para o diretor do BC, "há um enorme estímulo à digitalização do varejo", o que permite aos estabelecimentos reduzirem o uso de dinheiro em espécie, melhorar o controle financeiro, facilitar a emissão de notas fiscais e a recolha de tributos. "Quando o lojista se digitaliza, ele tem estímulos para a formalização", concluiu Gomes, definindo o Pix como "uma ferramenta de cidadania econômica" que hoje conta com mais de 170 milhões de usuários no Brasil.