Haddad defende Galípolo no BC, mas critica Selic a 15% ao ano
Haddad elogia Galípolo no BC, mas critica juros altos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, utilizou uma entrevista à CNN nesta segunda-feira (10) para fazer um elogio público ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, mas manteve sua crítica à manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano.

Elogios ao trabalho no Banco Central

Em suas declarações, Haddad destacou a proximidade pessoal e profissional com Galípolo, que foi seu secretário-executivo antes de ser indicado para o comando do BC. "Tenho uma proximidade muito grande com o Galípolo, que foi meu secretário-executivo e indicado por mim para o Banco Central", afirmou o ministro.

Haddad foi enfático ao defender o trabalho do presidente do BC: "Acredito que ele está fazendo um bom trabalho no BC, coibindo uma série de abusos no sistema financeiro. Falo das regulações das fintechs e da mudança do crédito imobiliário".

Disputa sobre a taxa de juros

Apesar dos elogios, o ministro manteve sua posição contrária ao atual patamar da Selic. A taxa básica de juros permanece em 15% ao ano após decisão unânime do Copom na última quarta-feira (5), pela terceira reunião consecutiva.

"Todo mundo conhece a minha opinião. A taxa de juros tem espaço para cortes", reforçou Haddad, deixando clara sua discordância em relação à política monetária atual.

O ministro revelou que sua avaliação sobre a Selic é compartilhada por parte do setor bancário: "Alguns dos 'players' econômicos e políticos concordam com a tese de que talvez já tenha chegado a hora de iniciar o ciclo de cortes". A declaração refere-se a reunião que Haddad teve com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

Pressão governamental por redução de juros

A fala de Haddad reflete uma pressão crescente de setores do governo sobre o Banco Central para reduzir a taxa básica de juros. No mês passado, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já havia se manifestado criticando o atual patamar de juros.

"As taxas de juros não dialogam com a realidade da economia brasileira e se tornam um estorvo para o crescimento", declarou a ministra, que chegou a afirmar que os juros atuais "estão descolados da realidade do país".

Situação fiscal e projetos do governo

Questionado sobre críticas à situação fiscal do país, Haddad defendeu a gestão econômica do governo. Segundo ele, o governo deve se aproximar do centro da meta fiscal para 2025, citando o empoçamento de recursos (valores liberados aos ministérios que terminam o ano em caixa) como fator positivo.

A meta fiscal deste ano é de déficit zero, com margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou para menos, conforme estabelece o arcabouço fiscal. "Estamos falando de equilíbrio das contas públicas e, eventualmente, um pequeno superávit no ano que vem", projetou o ministro.

Haddad também comemorou a aprovação do projeto do Imposto de Renda no Senado, classificando-a como "um feito extraordinário da política". A expectativa é que a sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorra ainda nesta semana, na terça ou quarta-feira (11 ou 12).

O projeto, que concede isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000, é considerado uma das principais apostas do Planalto para alavancar a popularidade do presidente antes das eleições de 2026. Aliados de Haddad afirmam que o ministro deverá viajar pelo Brasil para divulgar a aprovação da medida.

Durante a entrevista, Haddad também abordou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), revelando que o governo brasileiro espera que o anúncio de contribuição da Alemanha ocorra até o fim do ano. O ministro citou China, Emirados Árabes Unidos e Holanda como países que demonstraram apoio ao fundo, expressando expectativa de que o TFFF ultrapasse US$ 10 bilhões em aportes durante a presidência brasileira da COP.