Tarifa de 50% dos EUA ameaça colheita do tabaco e exportações no RS
Tarifa dos EUA ameaça colheita de tabaco no RS

Os produtores de tabaco do Rio Grande do Sul iniciaram a colheita da safra 2024/2025 com expectativas positivas, mas enfrentam uma grave ameaça que pode comprometer os resultados: a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Impacto imediato nas exportações

As tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano Donald Trump começaram a valer no início de agosto e já afetam diretamente um dos principais mercados do tabaco gaúcho. Os Estados Unidos foram o terceiro maior comprador do tabaco produzido no estado em 2024, adquirindo aproximadamente 38,4 mil toneladas e movimentando mais de US$ 245 milhões.

Neste ano, antes da entrada em vigor da medida, cerca de 70% do tabaco destinado ao país já havia sido embarcado. Com a nova taxação, parte dos embarques foi suspensa: cerca de 12 mil toneladas já vendidas não chegaram a sair das indústrias.

Desafio para realocação no mercado

Valmor Thesing, presidente do Sinditabaco, revela que historicamente os Estados Unidos compram cerca de 9% do volume exportado pelo setor. "Mantido o tarifaço, as empresas associadas ao sindicato do tabaco terão um desafio de tentar realocar esses volumes em outros mercados", explica.

Segundo ele, algumas remessas foram retomadas recentemente, mas ainda representam uma fração pequena do que está represado. A situação preocupa especialmente na metade Sul do estado, onde em municípios como Canguçu, mais de cinco mil famílias dependem da produção de fumo.

Preocupação no campo e tipos afetados

O produtor Nilton Pereira expressa a apreensão que toma conta do setor: "A safra, no geral, parece que vai ser bem melhor, tá boa mesmo. Os produtores se preocupam com o tarifaço da comercialização também, que pode ser o grande problema para nós aqui".

Além do impacto imediato nas exportações, há receio de que os preços pagos aos produtores sejam afetados. Marcílio Drescher, presidente da Afubra, destaca que o tabaco do tipo burley pode ser o mais prejudicado, já que é muito consumido pelos norte-americanos.

"Se o tarifaço dos Estados Unidos permanecer em vigor, no futuro isso haverá de afetar, mas principalmente no produtor de tabaco burley, que é o tabaco de galpão", comenta Drescher.

O Rio Grande do Sul responde por 42% da produção nacional de tabaco, tendo colhido 303 mil toneladas das 719 mil toneladas produzidas no Brasil no último ano. Com o clima colaborando, a expectativa era repetir os bons números em 2025, mas o cenário internacional impõe novos desafios ao setor.