EUA reduzem tarifas: carne brasileira ganha, café perde para concorrentes
Tarifas dos EUA: carne ganha, café perde para concorrentes

Uma decisão do presidente norte-americano Donald Trump sobre tarifas de importação gerou reações opostas entre setores exportadores brasileiros. Enquanto a indústria de carne comemora a redução, os produtores de café enfrentam um cenário de desvantagem competitiva no mercado internacional.

Alívio tarifário para a carne brasileira

No dia 15 de novembro de 2025, o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada da tarifa básica de 10% sobre produtos brasileiros. A medida foi recebida com entusiasmo pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que classificou a decisão como "muito positiva".

Segundo a entidade, a redução devolve previsibilidade às operações e cria condições mais favoráveis para o comércio entre os dois países. Os Estados Unidos representam o segundo maior mercado para a carne bovina brasileira, com peso relevante em todo o fluxo de exportações do setor.

A Abiec destacou que a medida reforça a confiança no diálogo técnico entre as nações e reconhece a importância da carne do Brasil, marcada pela qualidade, regularidade e contribuição para a segurança alimentar mundial.

Cenário preocupante para o café

Enquanto o setor de carnes celebra, a situação é completamente diferente para os exportadores de café brasileiro. Apesar da redução geral de 10% para cerca de 200 produtos, os Estados Unidos mantiveram a sobretaxa de 40% especificamente para o Brasil.

O diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, explicou a situação: "Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil".

Antes do anúncio, o café brasileiro era taxado em 50% nos EUA. Com a decisão de Trump, essa carga caiu para 40%, porém concorrentes como Vietnã e Colômbia tiveram suas tarifas zeradas. Outros países, como Etiópia, já operavam com taxas de apenas 10% devido a acordos bilaterais pré-existentes.

Impactos na competitividade

A diferença tarifária cria uma assimetria preocupante para o café brasileiro no mercado norte-americano. Enquanto o produto nacional enfrenta uma tarifa de 40%, concorrentes diretos podem entrar sem qualquer barreira adicional.

Esta situação coloca em risco a posição competitiva do Brasil, tradicionalmente um dos maiores exportadores mundiais de café. A manutenção da sobretaxa de 40% por motivações políticas, sem perspectiva de prazo para redução, preocupa os empresários do setor.

O cenário atual demonstra como medidas comerciais podem beneficiar alguns segmentos enquanto prejudicam outros, mesmo dentro do mesmo país exportador. A busca por equilíbrio nas relações comerciais continua sendo um desafio para os exportadores brasileiros.