Santos dá um passo histórico: água potável e esgoto chegam a zonas rurais após décadas de espera
Santos leva água e esgoto a áreas rurais esquecidas

Finalmente! Depois de anos esquecidas nos cantos mais afastados do município, as comunidades rurais de Santos estão prestes a virar a página da história. A prefeitura, num daqueles raros momentos em que a burocracia funciona a favor do povo, começou um levantamento minucioso das áreas que nunca — repito, nunca — tiveram água encanada ou esgoto tratado.

O mapa da exclusão

Imagine viver em 2025 e ainda depender de poços artesianos ou carros-pipa? Pois é exatamente essa a realidade de centenas de famílias. O mapeamento — feito com drones e tecnologia de georreferenciamento — está identificando cada palmo de terra onde o poder público falhou ao longo das décadas.

"É como desenhar um novo mapa da cidade", admite o secretário de Infraestrutura, visivelmente constrangido com o atraso histórico. Os técnicos já catalogaram:

  • 12 comunidades isoladas
  • Mais de 300 propriedades rurais
  • 5 quilombos que sobrevivem com soluções precárias

Dinheiro? Tem, mas...

A verba existe — cerca de R$ 15 milhões só para a primeira fase —, mas ninguém na prefeitura sabe ao certo quantos quilômetros de tubulação serão necessários. "É um quebra-cabeça logístico", confessa uma engenheira que pediu para não ser identificada. O terreno acidentado e a dispersão das propriedades tornam o projeto três vezes mais complexo que obras urbanas.

Enquanto isso, nas roças:

  1. Dona Maria, 72 anos, ainda acorda às 4h para buscar água no riacho
  2. Seu João gasta R$ 120 por mês com caminhão-pipa
  3. Crianças seguram a sede com água que nem passou por filtro

"A gente se sente invisível", desabafa uma agricultora, enquanto mostra a cisterna rachada que usa há 20 anos. A promessa é que, até o final de 2026, essas cenas virem apenas lembrança.

E os esgotos?

Aí a coisa fica ainda mais complicada. Sem rede coletora, muitos usam fossas improvisadas — quando usam. O cheiro? Nem se fala. A prefeitura garante que as soluções serão customizadas: "Não adianta querer copiar o modelo urbano", explica o prefeito, que já foi criticado por promessas não cumpridas.

O projeto prevê:

  • Sistemas de tratamento compactos
  • Tecnologias de baixo custo
  • Parcerias com universidades para inovações locais

Enquanto as máquinas não chegam, os moradores seguem na expectativa. "Já perdi as contas de quantas vezes ouvi que iam resolver", diz um produtor rural, cético mas ainda esperançoso. Desta vez, parece que a história vai ser diferente.