
O clima estava tenso — como sempre é quando se fala em mudanças no funcionalismo público. Mas o ministro da Gestão e Inovação, Esther Dweck, e o secretário especial de Desburocratização, Davi Motta, tentaram acalmar os ânimos numa coletiva de imprensa nesta terça-feira (27). A mensagem era clara: não se trata de caça às bruxas.
— Nosso intuito, definitivamente, não é perseguir ninguém — afirmou Motta, com um tom quase didático, como quem tenta explicar algo complexo para quem não quer necessariamente entender.
Ele seguiu, então, desfiando um raciocínio que parece óbvio, mas que muita gente teima em ignorar: o que o governo busca é, simplesmente, tornar a máquina pública mais ágil. Menos emperrada. Menos… bem, pública no pior sentido da palavra.
O cerne da questão
Motta foi direto ao ponto. A ideia é criar mecanismos que permitam demitir servidores que não cumprem com suas obrigações básicas. Parece justo, não? Mas é aí que mora o drama. Ninguém gosta de ser fiscalizado, muito menos de enfrentar consequências.
— A gente quer é dar um choque de gestão no serviço público — explicou ele, usando uma daquelas expressões que políticos adoram. — Tem que haver contrapartida. O servidor precisa entender que seu cargo não é um porto seguro para a mediocridade.
Duro? Talvez. Mas será que é errado?
O outro lado da moeda
Enquanto Motta falava, Esther Dweck observava, complementando aqui e ali. A dupla parece dançar conforme a música — uma música que muitos servidores, no fundo, temem ouvir.
O projeto de reforma administrativa, que deve ser enviado ao Congresso Nacional ainda este ano, não é exatamente novidade. Já se fala disso há tempos. A diferença agora é o tom. Menos ameaçador, mais propositivo. Ou pelo menos é o que tentam passar.
— Não estamos aqui para criar monstros — garantiu Motta. — Queremos é modernizar, trazer eficiência. Quem trabalha direito não tem nada a temer.
Fácil dizer quando se está do lado de quem exige, não do lado de quem precisa entregar.
E agora, José?
O fato é que o tema é espinhoso. Mexe com emprego, com estabilidade, com sonhos. Muita gente entra no serviço público justamente pela segurança. Tirar isso pode parecer, para alguns, uma traição.
Mas e a população? Quem paga a conta? Será justo manter alguém que não produz, não atende, não resolve? A discussão é longa e cheia de nuances.
Por enquanto, o governo segue na sua cruzada por eficiência. Resta saber se o Congresso — e os servidores — vão comprar a ideia.
Uma coisa é certa: a conversa está apenas começando.