O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou publicamente nesta segunda-feira (1º) que descartou a implementação do projeto conhecido como "Zona Verde", que previa a cobrança por estacionamento rotativo em áreas públicas de Brasília.
Decisão antiga e acusações de politicagem
Em contato com o g1, Ibaneis Rocha afirmou que a decisão de abandonar a proposta foi tomada "há um bom tempo". No entanto, ele só veio a público confirmar a desistência nesta segunda-feira. O governador atribuiu a retomada do debate ao que chamou de "politicagem" da deputada distrital de oposição, Paula Belmonte (Cidadania).
A parlamentar havia convocado uma audiência pública para discutir o tema, marcada para esta terça-feira (2). O g1 tentou ouvir a deputada, mas ainda aguarda um posicionamento.
Prioridade é o transporte público, diz governador
Questionado sobre os motivos da desistência, Ibaneis Rocha argumentou que o DF ainda precisa concluir uma série de obras essenciais para melhorar a mobilidade antes de pensar em medidas que possam onerar o usuário de carro particular. Ele reconheceu que, atualmente, os motoristas não têm alternativas viáveis para deixar o veículo em casa.
"Melhoramos muito o transporte público, mas as obras viárias precisam estar concluídas para garantir qualidade aos usuários. Ainda temos que concluir os BRTs e fazer a ampliação do metrô", declarou o governador.
Ibaneis defendeu que a prioridade do poder público deve ser incentivar o uso do transporte coletivo. "O correto é apoiar o transporte público em detrimento dos carros. Fiz muito, mas ainda falta muito. As grandes cidades do mundo quase que proíbem o trânsito de veículos", completou.
O que era o projeto Zona Verde?
O projeto Zona Verde propunha a implantação de estacionamento rotativo pago mediante concessão por 20 anos em diversas regiões do Plano Piloto, incluindo:
- Asa Sul e Asa Norte
- Sudoeste e Noroeste
- Esplanada dos Ministérios
- Eixo Monumental
De acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), o investimento total previsto era de R$ 71 milhões. A outorga inicial, valor pago pela empresa vencedora para explorar o serviço, estava estimada em R$ 69,6 milhões. Além disso, a concessionária deveria repassar ao governo cerca de R$ 15 milhões por ano, o equivalente a 20% da receita bruta mensal.
Vale destacar que, atualmente, o governo do DF já concede à iniciativa privada a gestão de estacionamentos pagos em partes da área central, como nos arredores da Rodoviária do Plano Piloto, administrados pela concessionária Catedral.
Com a declaração oficial de Ibaneis Rocha, o projeto Zona Verde está definitivamente arquivado, transferindo o foco da administração pública para a conclusão de obras de infraestrutura de transporte coletivo.