O governo do Distrito Federal está analisando uma proposta para integrar o Centro Administrativo (Centrad) ao capital social do Banco de Brasília (BRB). A medida tem como objetivo principal transformar um patrimônio público ocioso em uma fonte de receita para os cofres distritais.
Detalhes da proposta em estudo
A ideia foi formalizada em um memorando interno da Secretaria de Economia, enviado para a assessoria jurídica do órgão no dia 11 de novembro. O documento consulta a viabilidade jurídica de três possibilidades: a alienação (venda) do imóvel, a integralização do valor do Centrad no capital do BRB ou a integralização em um fundo imobiliário.
O memorando justifica a proposta ao afirmar que o projeto inicial de ocupação do complexo se mostrou inviável do ponto de vista técnico e econômico. O principal motivo são os altos custos de manutenção, que hoje giram em torno de R$ 5 milhões por ano, sem que o espaço gere qualquer retorno.
Histórico de um elefante branco
Idealizado na gestão do ex-governador José Roberto Arruda – hoje pré-candidato ao governo do DF em 2026 –, o Centrad foi concebido para ser a sede dos órgãos públicos distritais. No entanto, o complexo nunca foi utilizado para esse fim e está completamente fechado há 12 anos.
Os entraves começaram com problemas na parceria público-privada (PPP) firmada para a construção, o que inviabilizou a ocupação planejada. Desde então, o imóvel se tornou um símbolo de má gestão patrimonial e desperdício de recursos públicos.
Intenção de venda e valorização
O atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), já manifestou publicamente a intenção de vender o Centrad. Em entrevista à TV Globo na última segunda-feira (15), Ibaneis revelou que a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília) fez uma primeira avaliação do complexo no valor de R$ 600 milhões.
A Secretaria de Economia emitiu uma nota para esclarecer os estudos. Segundo a pasta, o GDF busca a transferência do Centrad para a iniciativa privada com os seguintes objetivos:
- Reduzir gastos públicos com manutenção.
- Dar um uso econômico ao imóvel.
- Promover dinamismo econômico e geração de empregos na região.
- Permitir a valorização urbana do local sem investimentos diretos do governo.
A proposta ainda está em fase de análises e definições. O governo avalia diferentes formatos jurídicos e financeiros para a operação, que serão decididos conforme as condições do mercado.
Contexto e próximos passos
Em 2023, o GDF já havia criado uma comissão para avaliar uma possível indenização à concessionária envolvida na PPP do Centrad, mostrando que o tema segue na pauta da administração.
Agora, a possibilidade de integrar o valor do imóvel ao capital do BRB surge como uma alternativa para resolver o passivo. Se concretizada, a operação permitiria que o banco público administrasse ou vendesse o ativo, transformando um custo fixo em um potencial ganho para o Distrito Federal.
Enquanto a decisão final não é tomada, o Centrad permanece como um grande espaço vazio, representando um custo milionário anual para os contribuintes do DF.