Cardeal Burke Revolta-se: “Bênçãos a Casais Homoafetivos são uma Heresia”
Cardeal Burke chama bênçãos a casais gays de “heresia”

O clima no Vaticano está, pra dizer o mínimo, tenso. E não é por pouco. O cardeal Raymond Burke, uma das vozes mais conservadoras e respeitadas do catolicismo, soltou o verbo contra a recente orientação que permite a padres darem bênçãos a casais do mesmo sexo. Para ele, a coisa é simplesmente inaceitável.

Não se trata de uma mera opinião, mas de um alerta grave. Burke, conhecido por sua postura intransigente em questões doutrinárias, não mediu palavras. Classificou o documento — que saiu de um dicastério vaticano — como nada menos que uma heresia. Sim, essa mesma palavra pesada, que ecoa pelos corredores da história da Igreja.

Uma Quebra na Tradição?

O cerne da crítica do cardeal vai direto ao ponto: ao abrir espaço para essas bênçãos, a Igreja estaria, na prática, validando uniões que sempre considerou irregulares. E isso, pra ele, não é uma evolução — é uma ruptura perigosa. “É confundir os fiéis”, dispara, sugerindo que a medida mina a própria autoridade moral da instituição.

Mas, cá entre nós, será que é só isso? Ou será que estamos vendo o retrato de uma instituição em profunda transformação — à força? O papa Francisco, desde que assumiu, tenta conduzir uma Igreja mais acolhedora, mais próxima das pessoas reais e de suas complexidades. Mas, ora, esbarra numa resistência feroz de setores que veem qualquer mudança como concessão.

O Silêncio que Grita

E não para por aí. Burke foi além e criticou também a forma como o documento foi elaborado: sem a devida consulta a todos os organismos competentes. Ele alega que a coisa foi feita nas coxas, sem o debate teológico necessário. Um processo, nas suas palavras, “opaco e pouco fraterno”.

O que isso significa? Bem, é sinal de que a tensão entre a Cúria Romana — mais tradicional — e a visão pastoral do pontífice está longe de arrefecer. Pelo contrário: parece estar chegando a um ponto de ebulição. E, convenhamos, não é de hoje.

Burke, que já ocupou cargos de altíssimo escalão no Vaticano, hoje é uma espécie de líder informal da oposição conservadora. Suas declarações não são apenas protestos; são manifestações de um conflito que define os rumos do catolicismo no século XXI.

E agora, José? Para onde vai a Igreja? Fica a pergunta no ar, enquanto bispos, teólogos e fiéis se dividem entre o desejo de inclusão e o temor de perder a identidade.