A produção mundial de vinho registrou um aumento modesto de 3% em 2025, mas continua abaixo da média histórica pelo terceiro ano consecutivo, segundo revelou um relatório da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) divulgado nesta quarta-feira, 12 de novembro.
Impacto climático nas regiões vinícolas
O documento aponta que a estimativa para este ano é de 232 milhões de hectolitros produzidos, equivalente a aproximadamente 133 garrafas de vinho. Este volume representa 7% abaixo da média dos últimos cinco anos, mantendo uma tendência preocupante para o setor.
John Barker, diretor-geral da OIV, explicou à Reuters que as mudanças climáticas são um fator determinante para esses resultados. "Algumas regiões sofreram com calor e seca, e depois tiveram chuvas torrenciais ou geadas inesperadas. E o fato de estarmos vendo esse tipo de efeito pelo terceiro ano consecutivo é bastante impressionante", afirmou o especialista.
Desempenho desigual entre países
Os efeitos do clima produziram cenários contrastantes entre as principais regiões produtoras:
- França registrou sua menor colheita desde 1957
- Espanha teve o menor nível de produção em 30 anos
- Itália voltou a níveis normais, com aumento de 8% na produção
- Moldávia e Suíça esperam crescimentos expressivos de 18% e 20%, respectivamente
Nos Estados Unidos, a variação foi de 3% em relação ao ano anterior, mas o país continua abaixo da média dos últimos cinco anos.
Recuperação modesta no hemisfério sul
As nações do hemisfério sul apresentaram uma recuperação de 7% comparado à baixa de 2024, liderada por África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Brasil. Este crescimento ajudou a compensar o "declínio significativo" registrado no Chile.
No entanto, mesmo com essa melhora, os números da região permanecem 5% abaixo da média dos últimos cinco anos, reflexo direto dos impactos climáticos que continuam afetando as safras.
Estabilização em meio à incerteza
O crescimento limitado da produção deve contribuir para estabilizar os estoques em um contexto de diminuição da demanda e incertezas no comércio internacional. Barker avalia que, embora a baixa produção seja desafiadora para produtores individuais, do ponto de vista macroeconômico ela traz um aspecto positivo.
"A baixa produção pode ser muito difícil para produtores e regiões individuais... mas, de uma perspectiva macroeconômica, é positiva, porque garante que a produção e o consumo estejam mais ou menos alinhados", concluiu o diretor-geral da OIV.