Pois é, meus amigos, o mundo dos vinhos não para de nos surpreender. E dessa vez a jogada de mestre veio direto dos vales argentinos de Cafayate — sim, aquela região absurdamente linda que parece pintada a mão — com uma daquelas inovações que fazem até os sommeliers mais experientes coçarem a cabeça.
Imagina só: pegar a uva Malbec, aquela rainha indiscutível dos tintos argentinos, e transformá-la num vinho branco. Soa como heresia? Talvez. Mas a família Etchart, que comanda a El Esteco há mais de 130 anos, nunca foi de seguir receitas prontas.
O processo, pra ser sincero, é uma mágica. Colhem as uvas Malbec de madrugada, num frio de lascar, pra preservar todo aquele frescor. Aí espremem elas tão delicadamente que o suço quase não fica em contato com as cascas — que são justamente o que dão a cor tinta. O resultado? Um líquido dourado, quase translúcido, que não tem nada a ver com o irmão escuro que a gente conhece.
E no copo, como é que fica?
Ah, essa é a melhor parte. O Alma Inquieta — nome perfeito, diga-se — é uma explosão de frutas. Pensa num aroma que mistura pêra, damasco e uma pitada daquela flor de laranjeira. Na boca, meu Deus, é ainda melhor. Tem uma acidez vibrante, daquelas que deixam a gente com água na boca, e um final que lembra um melzinho suave. É complexo, intrigante e, acima de tudo, deliciosamente refrescante.
Não é à toa que ele já coleciona prêmios por aí. Levou o Grand Gold Medal no Concours Mondial de Bruxelles e um Double Gold no CATADOR Wine Awards. Não é pra qualquer um, né?
E no Brasil, onde encontrar?
Pra alegria geral dos enófilos daqui, o Alma Inquieta já está rodando por adegas selecionadas. E olha, não é barato — coisa de R$ 350, dependendo do lugar. Mas, cá entre nós, às vezes a gente precisa daquelas experiências únicas, que viram história pra contar. Perfeito pra um jantar especial ou pra impressionar aquela visita que entende do assunto.
É daquelas raridades que mostram como a enologia tá sempre evoluindo, quebrando regras e — graças a Deus — nos presenteando com sabores novos. Um brinde à inquietude!
