
Quem já teve o prazer de visitar Pirenópolis em época de festa sabe: o cheiro doce no ar não é coincidência. É tradição pura, daquelas que passam de geração em geração e deixam até os visitantes mais desconfiados com água na boca.
O tal do doce de pau de mamão — sim, você leu certo, pau de mamão — é a estrela das comemorações no distrito goiano. E não pense que é só cortar a fruta e jogar no açúcar. A receita, que parece simples, esconde segredos que só as mãos experientes das doceiras locais dominam.
O que diabos é "pau de mamão"?
Calma, não é o que você está imaginando. O nome peculiar vem da técnica de cortar o mamão verde em tiras finíssimas, quase palitos — daí o "pau". Mas a mágica mesmo acontece depois, quando essas tirinhas brancas se transformam numa iguaria dourada e caramelizada.
O Jornal do Campo, sempre antenado nas raízes culturais de Goiás, resolveu desvendar o passo a passo:
- Escolha mamões verdes — e aqui vale o conselho das avós: nem muito novos, nem muito velhos
- Descasque e corte em tiras finas, tipo espaguete grosso
- Deixe de molho em água com cal (sim, cal!) por umas horinhas — é o truque para tirar o amargo
- Cozinhe até ficar al dente, porque ninguém gosta de mamão empapado
- O ponto mágico: a calda de açúcar que deve ficar no fogo até "fazer pé", como dizem as experts
Parece fácil? Pois é, até você tentar acertar o ponto da calda sem queimar. Algumas cozinheiras juram que o segredo está no fogo baixo e paciência — virtude rara nos dias de hoje.
Mais que receita, herança cultural
O que começou como forma de aproveitar os mamões que não amadureciam direito, virou atração turística. Nas festas do distrito, as barraquinhas de doce de pau de mamão são parada obrigatória. E olha que a concorrência é grande, com tantas outras delícias regionais.
"A gente aprende com as mais velhas desde criança", conta Dona Maria, uma das guardiãs da receita. "Antes era só em casa, agora até turista pede receita pra levar."
E você, já experimentou essa iguaria que desafia a lógica — doce feito de fruta verde? Se ainda não, está mais que na hora de incluir Pirenópolis no roteiro gastronômico. Só não espere encontrar nas prateleiras do supermercado — essa é daquelas tradições que resistem ao tempo justamente por depender de mãos habilidosas e muito, mas muito carinho.