Paulo Henriques Britto: Um Novo Capítulo na Academia Brasileira de Letras
Paulo Henriques Britto toma posse na ABL

O Rio de Janeiro, sempre palco de grandes histórias, testemunhou na noite desta sexta-feira, 13, um daqueles momentos que ficam na memória da cultura nacional. A Academia Brasileira de Letras (ABL) abriu suas portas – aquelas portas pesadas que guardam tantos segredos e glórias – para receber oficialmente um dos nomes mais respeitados da literatura contemporânea.

Paulo Henriques Britto, carregando no olhar a serenidade de quem conhece o peso e a leveza das palavras, assumiu a Cadeira 9. Sucede a Carlos Heitor Cony, um gigante que partiu em 2018, deixando um vazio que pedia por um talento à altura. E que talheiro.

Uma cerimônia que foi um verdadeiro evento. Não apenas um protocolo, mas um encontro de gerações. Sob aquela cúpula iluminada, no centro da cidade maravilhosa, estavam reunidos acadêmicos, admiradores e, claro, familiares do novo imortal. Um misto de solenidade e emoção genuína.

Mais do que um poeta, um artesão da língua

Britto, vamos combinar, não é um qualquer. É daquelas raras figuras que conseguem transitar com maestria absoluta entre a criação poética e a arte delicadíssima da tradução. Quem nunca se pegou maravilhado com uma de suas versões para o português de autores como John Updike ou Elizabeth Bishop? Pois é. O homem é um verdadeiro ourives, moldando sons e significados com uma precisão que beira o inacreditável.

E o discurso dele? Ah, o discurso foi um show à parte. Longe daqueles textos empoados e cheios de autoelogios, Britto teceu elogios sinceros a Cony, seu antecessor. Lembrou da coragem, do jornalismo combativo, da prosa fluida. Foi um gesto de humildade e reconhecimento que não passou despercebido por ninguém na plateia.

O que esperar do novo acadêmico?

Bom, se depender do seu histórico, a ABL ganhou não apenas um ocupante para uma cadeira, mas um defensor ferrenho do poder da linguagem. Britto é da opinião – e como eu concordo com ele – que a Academia precisa, sim, falar sobre tudo. Sair da bolha, engajar-se nos debates urgentes do país, usar sua voz para mais do que discussões internas.

Parece que uma nova e interessante energia chegou àquele casarão da Avenida Presidente Wilson. Uma energia que mistura a tradição necessária com um sopro de modernidade e relevância. E o Rio, com toda a sua efervescência cultural, parece ser o cenário perfeito para esse novo capítulo.

Fica a torcida. Torcida para que a pena de Britto, agora oficialmente imortal, continue a nos presentear com a sua arte singular por muitos e muitos anos.