
Imagine um Barretos sem holofotes, sem shows milionários e sem aquela multidão que a gente conhece hoje. Pois é, a primeira Festa do Peão, lá em 1955, foi bem diferente do que vemos agora — e talvez até mais autêntica.
Nada de palcos tecnológicos ou cantores famosos. O que tinha? Cavalos suando, poeira subindo e um bando de peões destemidos encarando touros bravos num cercado de madeira meio improvisado. A plateia? Uns 200 curiosos, a maioria da região, que nem sonhava que aquilo ali viraria o maior rodeio da América Latina.
O berço da tradição
Tudo começou num domingo qualquer de agosto. Os irmãos Rocha (João, Gabriel e Próspero) resolveram juntar uns amigos peões pra mostrar quem era bom de montaria. O lugar? Um campinho atrás do antigo Clube Os Independentes, que hoje é praticamente um símbolo da cidade.
Ninguém ali esperava que...
- As provas duravam apenas 3 dias (hoje são 10!)
- O prêmio pro campeão era um relógio de pulso — e olhe lá!
- A música ficava por conta de violeiros de boteco, sem microfone nem nada
Dá pra acreditar? Mas era assim mesmo, coisa de interior com gosto de raiz. Até a comida era diferente: linguiça caseira, pão com torresmo e café coado no pano. Nada daqueles hambúrgueres gourmet de hoje em dia.
O que mudou em 70 anos?
Ah, mudou tudo e não mudou nada — se é que me entendem. A essência do peão encarando o animal bravo continua lá, mas o resto... Bem, o resto virou um espetáculo de outro mundo!
De repente, a festa que cabia num quintal agora ocupa um parque gigante. De 200 pessoas pra quase 1 milhão de visitantes. De relógio como prêmio a caminhonetes zero quilômetro. E os shows? Nem se fala: de violeiros anônimos a contratos milionários com estrelas do sertanejo.
Mas sabe o que é curioso? Apesar de toda a modernidade, ainda tem gente que sente falta daquele jeito simples dos primeiros anos. "Era mais pé no chão", diz seu Antônio, 82 anos, que lembra de ter ido à segunda edição. "Hoje tá bom, mas antes tinha mais alma."
E você? Preferia a festa raiz ou a grandiosidade de hoje? Uma coisa é certa: seja qual for o estilo, Barretos sabe como ninguém manter viva a cultura do peão — e isso não tem preço.