
Era uma daquelas notícias que a gente nunca quer dar. Na segunda-feira, o Rio de Janeiro para. Não por causa de um feriado ou de uma grande festa, mas por uma despedida. A despedida de um dos maiores gênios que a música brasileira já produziu.
Hermeto Pascoal, o alquimista dos sons—aquele homem que extraía melodia até de uma panela de pressão—se foi. E como era de se esperar de alguém que sempre viveu para o povo, seu velório será aberto. Aberto a todos que quiserem dizer um último 'obrigado' ao bruxo.
O Palco Final de um Gênio
Nada mais justo do que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro ser o cenário dessa última homenagem. Das 10h da manhã às 17h da tarde, o caixão estará aberto para visitação pública. Imagino que o velório dele não será daqueles silenciosos e contidos. Deve ter música, deve ter gente chorando, mas também sorrindo ao lembrar de suas loucuras musicais.
O corpo do multi-instrumentista chegará ao local por volta das 9h. A cerimônia de cremação, marcada para as 18h, será restrita à família e amigos mais próximos. Um momento íntimo após um dia de celebração coletiva.
Uma Vida Dedicada às Notas (e aos Ruídos)
Hermeto não era um músico comum. Ele era um explorador sonoro. Um cara que enxergava instrumentos onde a gente via apenas objetos. Chaleira, copo d'água, brinquedo de criança—tudo virava música nas mãos dele. Morreu aos 88 anos, deixando um legado que é praticamente uma enciclopédia da música instrumental brasileira.
O artista deu entrada no Hospital Samaritano da Barra da Tijuca na última quarta-feira. A causa da morte? Uma infecção pulmonar. Dois dias depois, na sexta-feira, partiu. Deixou filhos, netos, bisnetos e milhões de fãs órfãos de sua criatividade sem limites.
O mundo perdeu não apenas um músico, mas um inventor de paisagens sonoras. E na segunda, o Rio se transforma no palco de seu adeus final.