O silêncio chegou onde antes havia uma das vozes mais familiares de Sorocaba. Eli Martins partiu neste sábado, aos 81 anos, deixando um vazio nas frequências de rádio que ecoou por seis décadas inteiras. Uma vida inteira dedicada a contar histórias, informar e entreter.
Quem nunca ouviu aquela voz grave, quase um acalanto para os ouvidos nas manhãs sorocabanas? Parecia que ele conversava diretamente com cada ouvinte, criando uma intimidade rara nos dias de hoje. O rádio era sua paixão desde os tempos de adolescente, quando começou como simples office boy na Rádio Clube.
Uma trajetória que inspira
Nascido em 1944, Eli tinha o rádio no sangue. Começou de baixo, mas sua determinação era enorme. De office boy a locutor — e que locutor! Sua voz se tornou a trilha sonora de incontáveis manhãs na cidade.
Lembro de uma vez que ele me contou, numa daquelas raras pausas entre um programa e outro: "O rádio não é sobre falar, é sobre conversar". E como ele conversava! Suas transmissões esportivas eram quase cinematográficas — dava pra ver o jogo só pela descrição.
O legado que permanece
Nos últimos anos, mesmo com a saúde frágil, Eli nunca perdeu o brilho nos olhos quando falava sobre comunicação. Aposentou-se em 2010, mas sua voz nunca realmente saiu do ar — continuou ecoando na memória de quem cresceu ouvindo seus programas.
E agora? O que fica? Fica o exemplo de quem fez do trabalho uma arte. De quem entendeu que comunicar vai muito além de ler notícias — é criar laços, é fazer companhia, é ser parte da família dos ouvintes.
Sorocaba perde mais que um radialista. Perde um pedaço de sua identidade sonora. Mas as melhores vozes nunca se calam completamente — elas apenas mudam de frequência.
O velório acontece neste domingo (13), a partir das 9h, no Cemitério Municipal. O sepultamento está marcado para as 16h. Uma despedida tranquila para quem sempre preferiu o calor humano ao espetáculo.
