
O Rio acordou mais silencioso nesta manhã de sábado. Auréo Ameno, aquela voz que durante sete décadas embalou as manhãs cariocas, partiu aos 92 anos. A notícia chegou como um sussurro triste, confirmada pela família - ele morreu enquanto dormia, em sua casa no bairro de Copacabana.
Que vida, que trajetória! Começou lá atrás, nos anos 1950, quando o rádio ainda era o rei absoluto da comunicação. E que rei ele foi nesse meio. Passou pelas principais emissoras do país: Rádio Globo, Jornal do Brasil, Mayrink Veiga... Sua voz tornou-se tão familiar quanto o café da manhã para milhões de ouvintes.
Mais Que Uma Voz, Uma Presença
Quem ouvia Auréo Ameno não escutava apenas um locutor. Era diferente, sabe? Tinha aquela cadência única, quase musical, que transformava até a previsão do tempo em poesia. Dava para sentir o carinho em cada palavra, o cuidado com cada sílaba. Não era à toa que virou referência no jornalismo esportivo - narrava os gols como quem conta histórias para amigos.
Nos últimos anos, mesmo com a saúde frágil, nunca perdeu o bom humor característico. Dizia que o rádio estava no seu sangue, e aposentadoria era palavra que não existia no seu vocabulário. Continuou trabalhando até onde pôde, porque, nas suas próprias palavras, "o microfone é como um amigo velho - você não abandona".
O Legado Que Fica
O que dizer de um homem que testemunhou - e narrou - a transformação completa da comunicação no Brasil? Viu o rádio sair dos grandes estúdios para os transistors, depois para as frequências FM, e mesmo com toda modernidade, manteve a essência do que sempre fez melhor: conectar pessoas através da voz.
Colegas de profissão já começam a se manifestar nas redes sociais. "Era como um pai para todos nós", disse um locutor mais jovem. "Perdemos não apenas um profissional, mas um pedaço da história do rádio brasileiro", lamentou outro.
A família informou que o corpo será velado no Memorial do Carmem, no bairro do Caju, a partir das 10h de domingo. O crematório acontecerá na segunda-feira, em cerimônia reservada para familiares e amigos próximos.
O silêncio que fica é enorme. Mas as memórias... ah, essas continuam ecoando, como suas transmissões inesquecíveis que marcaram época. O Rio perdeu uma de suas vozes mais queridas, mas o eco do seu trabalho permanecerá para sempre nas ondas sonoras da nossa memória afetiva.