
Ah, as redes sociais... às vezes me pergunto se não criamos um monstro que acabou nos devorando. Manuela Dias, aquela roteirista talentosa por trás de 'Vale Tudo', resolveu botar pra fora o que muitos artistas engolem calados.
E olha, não foi nada bonito.
O peso das palavras na tela
"É uma avalanche mesmo", confessa ela, com aquela voz que mistura cansaço e resignação. "A gente até tenta se blindar, mas algumas coisas atravessam a armadura."
O que mais dói, segundo Manuela, é que as pessoas parecem ter esquecido uma coisinha básica: do outro lado tem um ser humano de carne e osso. Com sentimentos, inseguranças, dias bons e ruins. Não é uma máquina de produzir conteúdo.
O direito de errar
Numa época onde todo mundo se acha crítico profissional — obrigado, internet —, a roteirista faz uma defesa apaixonada do direito ao erro. "A criação é um processo, caramba! Às vezes acertamos, outras erramos feio. Mas é assim que se cresce."
Ela lembra que até os maiores mestres da dramaturgia brasileira tiveram seus tropeços. "Assis Chateaubriand não nasceu escrevendo obra-prima", provoca.
Quando a ficção vira reality show
O mais curioso — ou triste, depende do ponto de vista — é como as pessoas confundem personagem com ator, trama com realidade. "Recebo mensagens furiosas como se eu fosse responsável pelas ações dos personagens", ri, sem graça. "É ficção, gente!"
Mas sabe o que é pior? A velocidade com que um episódio vai ao ar e já aparece uma enxurrada de comentários. Parece que ninguém mais tem paciência para acompanhar uma história se desenrolar. Tudo precisa ser julgado imediatamente, sem direito a desenvolvimento.
O lado humano da criação
Manuela revela um detalhe que muitos ignoram: escrever novela é como correr uma maratona diária. São horas intermináveis, noites em claro, rewrites sob pressão. "Às vezes chegamos esgotados no capítulo 150, mas precisamos manter a qualidade."
E ela faz um apelo: "Critiquem à vontade, mas lembrem que há coração batendo por trás dessas histórias".
Um recado para os haters profissionais
"Não estou pedindo aplausos", esclarece. "Só um pouquinho de humanidade. Podem odiar a novela, mas não precisam me xingar como pessoa."
No fim, Manuela mantém o bom humor. "Amanhã tem mais, e vou continuar escrevendo com a mesma paixão. É o que sei fazer."
E assim segue a vida dos criadores de conteúdo na era digital: entre likes e hates, sempre buscando contar uma boa história.