
Numa daquelas conversas que cutucam a ferida — daquelas que doem mas fazem bem — Ingrid Guimarães soltou o verbo. E como soltou. Durante uma participação no programa Vale Tudo, da Rádio Jovem Pan, a atriz não economizou nas palavras para falar sobre um tema espinhoso: a infantilização dos homens pela sociedade.
Não foi um comentário de passagem, não. Foi uma análise afiada, daquelas que a gente ouve e fica remoendo o dia inteiro. Ela simplesmente jogou na mesa uma verdade inconveniente que muita gente prefere ignorar.
O cerne da questão
Ingrid foi direta ao ponto: muitos homens chegam à vida adulta sem desenvolver maturidade emocional. E pior — a sociedade não só permite como, às vezes, incentiva isso. "É como se esperassem pouco deles", observou, com aquela lucidez que só quem observa o mundo com atenção consegue ter.
Ela notou algo que passa despercebido no dia a dia: enquanto as mulheres são pressionadas desde cedo a serem responsáveis, organizadas e multitarefas, muitos homens são tratados como "meninos grandes" — e isso tem consequências sérias nos relacionamentos.
As consequências nos relacionamentos
Ah, os relacionamentos... Ingrid foi certeira ao apontar como essa dinâmica prejudica casais. Muitas mulheres acabam assumindo papel de mãe — gerenciando a casa, lembrando de compromissos, resolv problemas sozinhas. Cansei de ver amigas nessa situação, e confesso: já vivi isso também.
O pior é que ninguém sai ganhando nesse jogo. Nem elas, sobrecarregadas. Nem eles, tratados como incapazes. É um ciclo que desgasta até o amor mais forte.
Uma crítica necessária
O mais interessante — e corajoso — da fala de Ingrid é que ela não está culpando os homens individualmente. A crítica é mais profunda: é cultural, estrutural. A sociedade que cria expectativas diferentes para homens e mulheres, que normaliza certos comportamentos imaturos como "coisa de homem".
Ela mesmo lembrou: muitos homens nem percebem que estão sendo infantilizados porque sempre foi assim. É o "normal" que precisa ser questionado.
Para além da polêmica
Longe de ser apenas uma reclamação, a reflexão de Ingrid abre espaço para um diálogo necessário. Como mudar isso? Como criar meninos que se tornem homens emocionalmente maduros? Como dividir responsabilidades de forma mais justa?
São perguntas complexas, mas urgentes. E Ingrid, com sua fala franca, jogou a primeira pedra nesse lago parado. Resta saber quantas ondinas vamos criar.
No fim das contas, talvez a maior contribuição dessa entrevista seja nos fazer pensar. Repensar. Questionar o que consideramos normal. Porque às vezes — só às vezes — o normal é justamente o problema.