
Não foi um avião qualquer que pousou em solo paulista nesta manhã de quinta-feira (23). Naquele compartimento especial, uma carga de dor silenciosa: o corpo sem vida de Preta Gil, a artista que coloriu o Brasil com sua voz e irreverência. O voo partiu de um local ainda não divulgado — detalhes que a família mantém em sigilo, como quem protege os últimos momentos de intimidade.
Às 9h47, quando o sol já castigava o asfalto do Aeroporto de Congonhas, uma equipe discreta realizava os trâmites burocráticos com a eficiência de quem já viveu isso antes. (E quantas vezes a morte nos pega desprevenidos, mesmo quando a esperamos?)
Do cimento de São Paulo para o abraço do Rio
Não houve câmeras, nem flashes. Apenas o silêncio pesado de quem carrega uma urna — aquela caixa fria que tenta, sem sucesso, conter um furacão de saudade. Em menos de duas horas, o corpo seguiria para o Rio de Janeiro, cidade que adotou Preta e que agora se prepara para devolvê-la à terra.
"Ela sempre disse que o Rio tinha o ritmo da sua alma", lembra um funcionário do aeroporto que preferiu não se identificar. E cá estamos nós, contando histórias no pretérito — verbo que dói na boca quando falamos de quem partiu cedo demais.
Os preparativos finais
- Velório deve ocorrer no Museu da República (Catete), local que já abrigou despedidas de outros ícones
- Flores começaram a chegar desde o amanhecer — rosas vermelhas, seu tipo preferido
- Fãs organizam vigília com velas e fotos na orla de Ipanema
Enquanto isso, nas redes sociais, uma chuva de homenagens que não para de crescer. De fãs anônimos a colegas de profissão, todos tentam encontrar palavras onde só cabem lágrimas. Gilberto Gil, pai da cantora, ainda não se manifestou publicamente — e quem pode culpá-lo? Algumas dores precisam ser vividas longe dos holofotes.
O que resta agora é esperar. Acompanhar o trajeto dessa jornada derradeira. E talvez — quem sabe? — aprender com Preta uma última lição: que a vida, por mais breve, pode ser vivida com toda intensidade que couber nos dias.