A atriz e ativista francesa Brigitte Bardot faleceu neste domingo, 28 de dezembro de 2025, aos 91 anos de idade. A informação foi confirmada pela sua fundação. Ela morreu em sua casa em Saint-Tropez, no sul da França, cercada por seus animais, incluindo gatos, cachorros e cavalos. A causa da morte não foi divulgada imediatamente.
De ícone sexual a símbolo da liberdade
Nascida em Paris em 28 de setembro de 1934, Brigitte Bardot, carinhosamente chamada de "B.B." na França, explodiu no cenário internacional com o filme "E Deus Criou a Mulher", em 1956. Com apenas 21 anos, sua atuação ousada e despreocupada, dirigida por seu então marido Roger Vadim, escandalizou a moral da época e cativou o público mundial.
Seu papel foi um marco decisivo, rompendo com o arquétipo da heroína recatada. Bardot se tornou a personificação da feminilidade libertada e um símbolo sexual global. Sua influência, no entanto, foi muito além da tela. A filósofa Simone de Beauvoir chegou a escrever um artigo em 1959 elogiando sua autenticidade, descrevendo-a como uma mulher que "segue suas inclinações" com uma simplicidade deslumbrante.
Artistas como Bob Dylan e Andy Warhol foram influenciados por sua imagem, consolidando-a como um ícone da cultura pop. Em 1973, após 42 filmes, ela se aposentou do cinema, declarando a indústria "podre".
A batalha pelos animais e as polêmicas políticas
Após deixar as telas, Bardot encontrou um novo propósito na vida: a defesa dos animais. Em 1986, ela fundou a Brigitte Bardot Foundation for the Welfare and Protection of Animals. Sua devoção era absoluta; ela chegou a ameaçar deixar a França em protesto contra políticas de bem-estar animal que considerava cruéis.
"Esta é minha única batalha, a única direção que quero dar a minha vida", declarou em 2013. Ela frequentemente contrastava seus relacionamentos com homens com sua paixão pelos animais, dizendo: "Dei minha beleza e minha juventude aos homens. Vou dar minha sabedoria e experiência aos animais."
Paralelamente ao ativismo, suas declarações públicas geraram intensa controvérsia. Bardot foi condenada várias vezes por incitação ao ódio racial entre 1997 e 2008, devido a comentários sobre imigração e a comunidade muçulmana na França. Seu casamento em 1992 com Bernard d'Ormale, ex-conselheiro da Frente Nacional, e seu apoio público aos líderes da extrema-direita francesa, Jean-Marie Le Pen e Marine Le Pen, polarizaram sua imagem.
Um legado complexo e duradouro
Brigitte Bardot viveu seus últimos anos de forma reclusa em Saint-Tropez, protegida por altos muros. Apesar das polêmicas, seu impacto cultural permanece inegável. Seu estilo, especialmente o penteado, continua sendo referência na moda, e seu trabalho cinematográfico é celebrado como um divisor de águas.
Em uma de suas últimas entrevistas, em maio de 2025, ela rejeitou o título de símbolo da revolução sexual e do feminismo, afirmando: "Feminismo não é minha praia; eu gosto de homens." Questionada sobre sua carreira no cinema, respondeu pragmaticamente: "Eu não penso nisso, mas não rejeito, porque é graças a isso que sou conhecida em todo o mundo como alguém que defende os animais."
Sua vida foi marcada por altos e baixos intensos: fama global, tentativas de suicídio, quatro casamentos, uma carreira musical de sucesso ao lado de Serge Gainsbourg e uma transformação radical de estrela de cinema a voz incansável pelos indefesos. Brigitte Bardot deixa um legado tão multifacetado e provocador quanto sua personalidade.