
Eis que a música brasileira, mais uma vez, se vê no olho do furacão de uma guerra cultural que não dá sinais de trégua. O Capital Inicial, banda que há décadas soundtracks a vida de gerações, virou alvo de uma ira digital tão intensa quanto imprevisível.
O que fez essa galera toda pistola? Um show. Sim, apenas um show — a apresentação da banda no megaevento The Town, em São Paulo, no último final de semana.
Parece brincadeira, mas não é. As redes sociais explodiram com chamadas organizadas para boicotar a banda. Hashtags, ameaças, memes — o pacote completo de indignação performática que estamos tão acostumados a ver.
Mas qual foi mesmo o problema?
Ah, aí é que está — a coisa toda é meio nebulosa. Alguns falam que foi por causa de uma suposta "zoação" com apoiadores do ex-presidente durante o show. Outros citam um vídeo sem contexto que circulou por aí. A verdade é que ninguém parece concordar sobre o que realmente aconteceu, mas todos estão muito bravos.
O interessante — ou preocupante, depende do seu ponto de vista — é como esses boicotes se tornaram uma espécie de esporte nacional. Artista fala algo, faz algo, ou às vezes nem faz nada, e pronto: lá vem a máquina de cancelamento.
E o Capital Inicial não é exatamente novato nesse jogo. Dinho Ouro Preto e companhia já navegaram em águas políticas antes, sempre com opiniões que não agradam a todos. Mas dessa vez, a reação parece ter pegado até eles de surpresa.
As redes sociais em estado de sítio
Twitter, Instagram, Facebook — não importa a plataforma, a chuva de críticas foi generalizada. Perfis bolsonaristas organizaram verdadeiros mutirões de indignação, com direito a cronograma de postagens e tudo mais.
"Não comprem mais CDs do Capital Inicial", "deixem de seguir nas redes", "não deem audiência". O repertório é conhecido, mas a intensidade dessa vez chamou atenção.
Do outro lado, é claro, os defensores da banda não ficaram quietos. "Artistas têm direito de se manifestar", "é só um show", "deixem a música em paz". A polarização, como sempre, não deixou espaço para meios-termos.
O festival The Town, por sua vez, segue como planejado — com ingressos esgotados e uma programação que é, digamos, diversificada politicamente. Ironia ou coincidência? Quem sabe.
O que me pega é como tudo vira motivo para briga hoje em dia. Até um show de rock, que deveria ser sobre unir pessoas, vira campo de batalha ideológica. Triste, não?
Enquanto isso, o Capital Inicial segue na estrada — literalmente. A turnê continua, os shows acontecem, e a música, espera-se, ainda fala mais alto que a politicagem. Ou pelo menos era isso que a gente esperava.