Berta Loran, ícone do cinema e TV brasileira, se despede aos 99 anos: uma vida de glórias e luta
Berta Loran, ícone do cinema e TV, morre aos 99 anos

O palco da vida se fecha para uma de suas mais brilhantes estrelas. Berta Loran, aquela presença que parecia dançar através das décadas, partiu aos 99 anos. E que jornada! A notícia chegou como um sussurro melancólico no final de setembro, deixando o meio artístico brasileiro com aquela sensação de vazio que só as grandes perdas provocam.

Nascida ainda na era do rádio, em 1925 — sim, você leu direito — ela testemunhou praticamente um século de transformações na cultura brasileira. De moça cheia de sonhos a ícone consagrado, sua carreira foi um verdadeiro baú de tesouros artísticos.

Do rádio às telas: uma trajetória que marcou época

Quem diria que aquela jovem começaria nos palcos de teatro ainda nos anos 40? Mas foi na televisão que Berta realmente fincou sua bandeira. Quem não se lembra da divertidíssima Neuza no clássico Chico City? Personagem que ficou gravada na memória afetiva de milhões de brasileiros.

Ela tinha um talento especial para comédias — algo raro, difícil de explicar. Não era apenas sobre contar piadas, mas sobre timing, expressão, aquela magia que faz você rir mesmo sem saber muito bem porquê.

Mais do que uma atriz: uma guerreira das artes

O curioso é que Berta quase seguiu outro caminho. Formada em Educação Física, ela poderia ter sido apenas mais uma professora. Mas o chamado das cortinas era forte demais. E que sorte a nossa!

Seu currículo impressiona até hoje: Balança Mas Não Cai, aquelas participações especiais em novelas da Globo que todo mundo comentava na época, filmes que marcaram o cinema nacional... Era como se ela estivesse presente em todos os momentos importantes da nossa cultura popular.

Os últimos anos: serenidade e reconhecimento

Nos últimos tempos, Berta vivia com discrição no Rio de Janeiro — longe dos holofotes, mas nunca longe do coração de seus admiradores. Ainda bem que o reconhecimento veio em vida. Em 2022, o Prêmio Shell coroou uma carreira que já era dourada por si só.

Pense bem: quantos artistas podem dizer que trabalharam por oito décadas? Que viram o mundo mudar completamente enquanto mantinham sua arte relevante? Isso sim é legado.

O adeus e a eternidade

Agora, o silêncio. Mas que silêncio barulhento, cheio de memórias e gratidão. Berta deixa não apenas uma filmografia, mas pedaços de si em cada personagem que interpretou.

Talvez o maior ensinamento que ela nos deixa seja sobre resistência — no bom sentido. Resistir às modas passageiras, às dificuldades do meio, ao próprio tempo. Sua luz pode ter se apagado, mas as imagens, as risadas, aqueles momentos de pura alegria que proporcionou? Esses ficam. Para sempre.