
O palco da vida se fecha para uma das figuras mais queridas da televisão brasileira. Berta Loran, aquela mulher de sorriso fácil e talento incontestável, nos deixou nesta quinta-feira. Tinha 99 anos — quase um século de histórias para contar.
Quem não se lembra da Dona Cacilda? Personagem icônica da Escolinha do Professor Raimundo, criada pelo genial Chico Anysio. Berta deu vida àquela professora com uma doçura que conquistava até os alunos mais arteiros. Era como se ela realmente estivesse ali, naquela sala de aula improvisada, tentando ensinar alguma coisa àquela turma do barulho.
Uma carreira que atravessou gerações
Nascida em 1925, Berta Loran começou no rádio — sim, na época em que as pessoas se reuniam em volta do aparelho para ouvir novelas. Tinha uma voz que cativava, um timbre especial. Quando a televisão chegou ao Brasil, ela fez a transição natural. E que transição!
Participou de programas que marcaram época. Trabalhou com os maiores nomes da comédia brasileira. Mas foi mesmo na Escolinha que ela encontrou seu lugar ao sol. Ou melhor, sob os holofotes.
O legado que fica
Berta não era só uma atriz — era parte da família brasileira. Sexta-feira à noite, todo mundo em frente à TV para ver a Escolinha. E lá estava ela, com sua paciência de santa, tentando educar aquela turma impossível.
O interessante é que, fora das câmeras, Berta mantinha uma discrição admirável. Não era de aparecer em festas, nem de dar entrevistas a torto e a direito. Preferia a tranquilidade do seu lar, o convívio com os amigos mais próximos.
Nos últimos anos, vivia praticamente reclusa. Mas o carinho do público nunca diminuiu. Quem teve o privilégio de conhecê-la pessoalmente garante: era exatamente como parecia na TV — gente finíssima.
Um pedaço da nossa história que se vai
É difícil não ficar sentimental. Berta Loran representava uma época em que a televisão unia as famílias, em que a simplicidade e o talento genuíno falavam mais alto. Ela faz parte da memória afetiva de milhões de brasileiros.
Agora, a cortina se fecha. Mas as risadas que proporcionou, os momentos de descontração que trouxe para tantos lares — isso ninguém tira. Fica o exemplo de profissionalismo, de elegância, de como envelhecer com graça e dignidade.
Descanse em paz, Berta Loran. E obrigada por tudo.