Não é todo dia que se vê um rio se transformar em uma estrada líquida de alegria—mas foi exatamente isso que aconteceu neste domingo em Floriano. O Parnaíba, esse gigante tranquilo que corta o interior do Piauí, testemunhou algo mágico: mais de quinhentas pessoas, boias coloridas e uma energia que dava inveja a qualquer carnaval fora de época.
Organizado pela prefeitura local, o evento já é tradição há anos—e cada edição parece superar a anterior. Desta vez, a concentração começou cedo, por volta das 7h, no Porto do Botequim. De lá, os aventureiros seguiam de barco até o ponto de partida oficial, no Porto do Trevo. A partir dali, era só deixar a correnteza fazer seu trabalho.
E que correnteza. O percurso de aproximadamente 4 quilômetros levou cerca de duas horas—tempo que muitos aproveitaram para conversar, rir, tirar fotos e, claro, se refrescar naquele calor típico do sertão.
Mas não era só diversão. A Secretaria Municipal de Turismo e a Defesa Civil estavam de olho em tudo, com barcos de apoio e equipes de prontidão. Nada de sustos—só segurança e sorrisos, do início ao fim.
Mais que um passeio: um resgate cultural
Quem pensa que a Descida de Boia é só um evento recreativo, se engana. É um verdadeiro ritual comunitário—uma maneira de reconectar com o rio, com a história e com os outros. Gente de todas as idades, desde crianças até avós, ali, flutuando juntas. Não há como negar: há algo profundamente simbólico nisso.
E olha, não é todo mundo que tem a chance de ver sua cidade de um ângulo tão literalmente fluido. De cima da boia, o mundo parece mais devagar—e as preocupações, mais leves.
E no final, uma certeza:
— Ano que vem tem mais! — gritou alguém da multidão, ao chegar no Porto do Botequim. E ninguém duvidou.
Eventos como esse não só movimentam o turismo local, como reforçam a identidade de um povo que sabe celebrar a vida—mesmo com simplicidade, mesmo com pouco. Só quem já flutuou no Parnaíba sabe: algumas coisas não precisam de luxo para serem inesquecíveis. Basta um rio, uma boia e vontade de viver.
