
Imagine correr o equivalente a três voltas na Terra — não num carro, não num avião, mas com as próprias pernas. Parece loucura? Pois é exatamente o que fez o ultramaratonista de Cubatão, que acaba de retornar à sua cidade natal depois de uma jornada digna de filme hollywoodiano.
Foram 102 dias — sim, você leu certo — com os pés no asfalto, na terra batida, na areia e até na neve. De madrugadas geladas a tardes escaldantes, o atleta enfrentou tudo como quem encara um desafio pessoal contra os próprios limites. "Mais do que percorrer quilômetros, foi uma viagem interior", confessou ele, com aquela voz rouca de quem tem histórias pra contar.
Rotina de gladiador moderno
Acordar antes do sol, alongar músculos que protestavam, colocar tênis já gastos pela estrada... A rotina lembrava treinamento militar, mas sem a disciplina rígida — só a teimosia de quem prometeu ir até o fim. Alguns dias, o corpo pedia arrego. Outros, a mente inventava desculpas. Mas ele seguia, um passo de cada vez.
E os números? Impressionam até os mais céticos:
- Média diária: 84 km (sim, mais que duas maratonas seguidas)
- Países atravessados: 12, de desertos a cordilheiras
- Tênis destruídos: 7 pares (ninguém disse que seria barato)
O retorno triunfal
Quando cruzou a fronteira da cidade, uma surpresa: familiares, amigos e até curiosos formaram uma recepção que faria qualquer atleta olímpico corar. "Pensei que ninguém lembraria", brincou o corredor, visivelmente emocionado — e com razão.
Entre abraços e lágrimas (algumas disfarçadas como suor, claro), ele revelou o segredo: "Não é sobre ser super-humano. É sobre persistir quando tudo dói". Filosofia simples, difícil de praticar.
Agora, enquanto se recupera — e sim, há muita fisioterapia pela frente —, planeja escrever um livro. "Porque algumas lições só se aprendem correndo", finaliza, com aquele sorriso de quem sabe que fez história.