
Era uma daquelas manhãs romanas que pareciam ter saído diretamente de um quadro renascentista — o sol dourado banhando as antigas construções do Vaticano. E no meio dessa atmosfera quase surreal, acontecia algo que poucos goianos poderiam imaginar: um padre da pequena Trindade, carregando nos braços não apenas uma imagem, mas séculos de fé popular brasileira.
Padre Carlos Alberto, ou simplesmente "padre Carlinhos" como é conhecido por seus fiéis, estava prestes a viver o momento mais marcante de sua vida religiosa. E olha que ele já viu de tudo na basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade.
Encontro que marcou história
O pontífice — sim, o próprio Papa Leão — recebeu das mãos do religioso uma réplica perfeita da venerada imagem do Divino Pai Eterno. A cena tinha algo de cinematográfico, sabe? Do coração do Cerrado brasileiro até a grandiosidade da Praça de São Pedro, a devoção popular fazia seu caminho.
"Não era apenas uma estátua", reflete padre Carlinhos, ainda emocionado. "Era como se levássemos conosco a fé de milhares de romeiros, das senhorinhas que rezam o terço, dos homens simples do campo que confiam no Divino Pai Eterno nos momentos mais difíceis."
Os detalhes que poucos viram
A imagem presenteada media aproximadamente 30 centímetros — perfeita para ser transportada com cuidado através do oceano. Feita com a mesma madeira das originais, trazia aquela expressão serena que tanto conforta os fiéis em Trindade.
Mas o que realmente chamou atenção foi a reação do Santo Padre. Dizem testemunhas que ele segurou a imagem com uma curiosidade genuína, quase infantil. Perguntou sobre a origem, sobre as romarias, sobre como aquela devoção específica havia se desenvolvido no interior goiano.
- Presente simbólico: Mais que um objeto religioso, representava um elo entre duas realidades católicas tão distantes
- Diálogo fraterno: Os dois religiosos conversaram por bons minutos — tempo raro em audiências papais
- Reconhecimento: O Vaticano demonstrou conhecimento surpreendente sobre a devoção trindadense
E cá entre nós, quem imaginaria que o Divino Pai Eterno, tão nosso, tão goiano, chegaria tão longe?
O que isso significa para Goiás?
Para além do momento bonito — que já valeria por si só — o encontro sinaliza algo mais profundo. A devoção popular brasileira, muitas vezes menosprezada como "regional", ganha reconhecimento no mais alto nível da Igreja Católica.
Padre Carlinhos não esconde o orgulho: "Isso mostra que nossa fé simples, do povo, tem valor. Que as romarias de Trindade, com seu cheiro de pipoca e pó de estrada, são tão importantes quanto qualquer outra manifestação religiosa no mundo."
O religioso, que também é reitor da basílica, aproveitou para entregar outros presentes simbólicos: um terço feito de capim-dourado — material típico do Cerrado — e algumas medalhas comemorativas da festa do Divino Pai Eterno.
Agora, imagina só: aquela mesma imagem que percorreu mais de nove mil quilômetros retornará a Trindade carregada de histórias para contar. Certamente ocupará lugar de destaque na basílica, lembrando a todos que a fé goiana ultrapassou fronteiras e chegou ao coração do catolicismo mundial.
E o Papa Leão? Bem, dizem que guardou a imagem com especial carinho. Quem sabe não estamos testemunhando o início de um novo capítulo na relação entre o Vaticano e as devoções populares brasileiras?