Fé que Caminha: Romeiros Percorrem Quilômetros na Rodovia em Homenagem a Nossa Senhora Aparecida
Romeiros caminham quilômetros na Via Dutra rumo a Aparecida

O que move milhares de pessoas a enfrentarem quilômetros a pé, sob sol e poeira, carregando apenas fé e esperança? A resposta estava escrita nos rostos cansados mas felizes dos romeiros que transformaram a Via Dutra, neste sábado, em um verdadeiro corredor sagrado.

Parecia uma cena de outros tempos — e de certa forma era. Gerações se misturavam ali: avós que já fizeram essa caminhada dezenas de vezes, pais carregando crianças no colo, jovens com fones de ouvido — talvez ouvindo músicas religiosas, quem sabe? A estrada, normalmente dominada pela pressa dos carros, agora pertencia aos passos lentos mas determinados dos fiéis.

Uma jornada que começa de madrugada

Muitos começaram ainda de madrugada, quando a maioria de nós ainda estava dormindo. "Saímos de Guaratinguetá às 3h da manhã", contou uma senhora que preferiu não se identificar, mas cujo sorriso falava mais que qualquer nome. "É cansativo, sim, mas a emoção de chegar lá vale cada passo."

E que passos! Calcula-se que alguns grupos percorreram mais de 15 quilômetros — distância que, em condições normais, faria qualquer pessoa pensar duas vezes. Mas a fé, como bem sabem os devotos, tem uma matemática própria.

A segurança na estrada

A Polícia Rodoviária, é claro, não ficou parada. Montou uma operação especial só para essa romaria — afinal, misturar pedestres com uma das rodovias mais movimentadas do país não é brincadeira. Os agentes orientavam o tráfego, criavam corredores seguros e, de quebra, até davam água para quem precisava.

"A gente vê de tudo nesses dias", comentou um policial com aquela voz experiente de quem já presenciou muitas romarias. "Pessoas que chegam desidratadas, outras com os pés feridos, mas todas com a mesma determinação."

O santuário se prepara

Lá na frente, em Aparecida, o santuário se transformava em um formigueiro humano. A basílica, que normalmente recebe milhares de visitantes, se preparava para o grande dia — o 12 de outubro, data que todo brasileiro conhece, mesmo os menos religiosos.

Os organizadores esperavam — pasmem — mais de 200 mil pessoas durante todo o fim de semana. Números que impressionam, mas que fazem sentido quando lembramos que estamos falando da padroeira do país.

E no meio de toda essa multidão, histórias individuais que mereceriam um livro inteiro. Como a da família que veio do interior de Minas Gerais — de ônibus até a divisora com São Paulo, depois a pé até Aparecida. Ou o grupo de jovens que organizou essa caminhada como uma promessa por um parente doente.

No final das contas, o que realmente importa? Talvez seja isso: em um mundo cada vez mais digital e distante, ainda existem pessoas dispostas a caminhar horas sob o sol por algo em que acreditam. E isso, convenhamos, é uma lição que vai muito além de qualquer religião.