Era questão de tempo, mas finalmente aconteceu. O Novenário de Nossa Senhora da Glória, aquela celebração que há décadas colore o calendário religioso do Acre, acaba de ganhar um título que só confirma o que todo mundo já sabia: é patrimônio histórico do estado. E olha que não foi por pouco — a tradição resistiu a mudanças sociais, transformações urbanas e até a certa indiferença das gerações mais novas.
Quem já participou sabe — são nove dias de devoção que transformam a rotina de Rio Branco. As ruas ficam mais vivas, o comércio esquenta, e até quem não é tão religioso acaba envolvido no clima. "Legitimizar o que já existe", como disse um dos organizadores, parece até pouco diante do que essa festa representa.
Mais que fé, identidade
O interessante? O reconhecimento oficial veio justamente quando algumas tradições pareciam estar perdendo força. Enquanto muita gente discute o "esvaziamento" de certas manifestações culturais, o novenário resiste — e como! Talvez porque vá além da religião, misturando fé, memória afetiva e até economia local.
Detalhe curioso: a documentação exigida para o tombamento foi um desafio e tanto. Reunir registros fotográficos, depoimentos de fiéis antigos e até atas de reuniões comunitárias dos anos 1950 não foi tarefa simples. Mas valeu cada minuto de pesquisa.
O que muda agora?
- Acesso a recursos públicos para preservação
- Maior visibilidade turística
- Proteção legal contra alterações na estrutura original
Não pense que foi um processo rápido — a papelada começou a ser organizada há quase três anos, com altos e baixos. Teve burocracia, claro (é Brasil, né?), mas também muito trabalho voluntário de gente que simplesmente ama essa tradição.
E aí, vai marcar na agenda para o próximo ano? Setembro no Acre tem cheiro de comida típica, som de reza e cor de festa — agora com o aval oficial de que isso aqui é história viva.
