
O que dizer sobre uma cidade inteira que para para celebrar sua fé? Maceió mostrou mais uma vez que a devoção à Nossa Senhora Aparecida não é apenas uma tradição, mas algo que pulsa no coração de seu povo. Domingo foi dia de emoção forte nas ruas da capital alagoana.
Aquela cena — difícil de descrever sem ficar arrepiado — de milhares de pessoas unidas em uma só voz, cantando hinos e orações enquanto acompanhavam a imagem da santa pelas principais avenidas. Parecia que o tempo parou, ou melhor, ganhou um significado completamente diferente.
O ponto alto das celebrações
A missa campal, celebrada pelo arcebispo Dom Manoel Delson, foi o momento de maior concentração espiritual. O religioso — com aquela voz firme que consegue ecoar até nos corações mais distantes — destacou na homilia como Nossa Senhora Aparecida continua sendo um farol de esperança para os brasileiros. "Ela nos une, nos fortalece e nos lembra que a fé pode mover montanhas", afirmou, arrancando améns emocionados da plateia.
E não era para menos. A energia do lugar era tão palpável que dava quase para tocar. Famílias inteiras, crianças, jovens, idosos — todos ali, esquecendo por algumas horas os problemas do cotidiano para se conectar com algo maior.
A procissão que emocionou
Quando a imagem de Nossa Senhora Aparecida começou a ser carregada, algo mágico aconteceu. O silêncio reverente se transformou em cânticos espontâneos, flores eram jogadas no caminho, e não havia um único rosto que não expressasse devoção genuína. Aquele momento me fez pensar: em um mundo tão corrido e individualista, ainda sabemos nos reunir pelo que realmente importa.
Os organizadores estimam que cerca de cinco mil pessoas tenham participado do cortejo — número que, convenhamos, sempre fica aquém da realidade quando a emoção é tanta que não cabe em estatísticas.
Mais do que religião: um encontro comunitário
O que muita gente de fora pode não entender é que eventos assim vão muito além do aspecto estritamente religioso. São oportunidades de reencontrar vizinhos, parentes distantes, de reviver memórias de infância — quantos ali não lembravam de ter ido à procissão com os avós?
Vi senhoras com lágrimas nos olhos segurando terços que pertenceram a suas mães, homens fortes se emocionando ao carregar o andor, crianças observando tudo com aquela curiosidade pura que só os pequenos têm. Era, sim, um evento religioso, mas também um verdadeiro retrato da alma maceioense.
E assim seguiu a tarde, entre cânticos e preces, até o momento final quando a imagem retornou à igreja matriz. O sol já se punha, mas o sentimento de paz e união parecia prometer ficar por muito mais tempo.
Para quem duvida que a fé ainda move multidões, bastava estar em Maceió neste domingo. A cidade — sempre linda com suas paisagens naturais — mostrou que sua maior beleza talvez esteja mesmo em sua gente e em sua capacidade de manter viva chamas que não se apagam com o tempo.