
O coração de Rio Branco bateu mais forte neste domingo. Mais forte e em uníssono com os passos de aproximadamente cinco mil almas que tomaram as ruas da capital acreana. Não era uma simples caminhada — era uma corrente viva de fé, uma dessas cenas que arrepiam até quem só observa de longe.
O Círio de Nazaré, essa tradição que atravessa gerações como um fio dourado ligando avós, pais e netos, mostrou mais uma vez sua força impressionante. As pessoas não estavam ali por obrigação ou costume vazio. Dá pra ver nos olhos — tem algo mais profundo, uma conexão que vai além do que dá pra explicar com palavras.
Uma Cidade que Para para Crer
Imagina só: ruas que normalmente seriam tomadas pelo corre-corre do dia a dia transformadas num palco de devoção. O trânsito? Esquece. O barulho dos carros? Substituído por preces sussurradas e cantos que parecem vir de outro tempo. É como se a cidade respirasse fundo e dissesse: "hoje, o que importa é outra coisa".
E que coisa! A imagem da procissão serpenteando pelas avenidas é daquelas que ficam na memória. Crianças nos ombros dos pais, idosos que nem sabem mais contar quantos Círios já viram na vida, jovens que poderiam estar em mil outros lugares mas escolheram estar ali — todos compartilhando aquela energia que, convenhamos, é rara nos dias de hoje.
Mais que Tradição: Um Porto Seguro
Numa época em que tudo muda tão rápido — o preço das coisas, as notícias que chegam, até o clima parece desregulado — eventos como esse funcionam como uma âncora. Algo que não muda, que permanece firme independente do que aconteça lá fora.
É curioso pensar que, em pleno 2025, com toda tecnologia que temos na palma da mão, ainda existam milhares de pessoas dispostas a caminhar juntas sob o sol acreano movidas pela mesma crença. Isso diz muito sobre nós, humanos. Diz que, por mais digital que o mundo fique, certas necessidades da alma continuam as mesmas.
O Círio em Rio Branco não é só um evento religioso — é um termômetro social. Mostra que a fé, pelo menos por aqui, continua viva, pulsante e, acima de tudo, coletiva. E que bom que é assim.