
Aos 9 anos, quando a maioria das crianças está preocupada em brincar de esconde-esconde, a pequena capixaba já dominava Chopin com uma maturidade que deixou críticos musicais de queixo caído. Não é exagero dizer — essa menina tem dedos de fada e ouvido absoluto.
Nascida em Vitória, ela começou a tatear as teclas aos 4 anos (sim, antes mesmo de aprender a amarrar os sapatos direito). "Era como se o piano falasse com ela", conta a mãe, ainda surpresa com o dom da filha. De repente, a sala de estar virou palco, e os vizinhos, plateia cativa.
Da pracinha ao pódio europeu
O que começou com "Parabéns Pra Você" em versão simplificada virou algo sério. No ano passado, durante um festival juvenil na Áustria — aquele país dos alpes e valses —, nossa estrelinha roubou a cena. Entre 80 competidores, foi a única brasileira e a mais nova. E adivinha? Trouxe na bagagem o prêmio de "Melhor Intérprete Jovem".
"Quando anunciaram meu nome, pensei que fosse brincadeira", diverte-se a pianista, que precisou de um banquinho especial para alcançar os pedais. Os jurados, todos cabelos grisalhos e sobrancelhas arqueadas, não acreditavam no que viam.
Rotina de pequena grande artista
- Acorda às 6h30 — mas só depois de tomar seu leite com chocolate
- Manhãs: escola normal, com matemática e recreio
- Tardes: 3 horas de piano, com pausas para desenhar unicórnios
- Noites: ouvir gravações históricas (e às vezes espiar desenho animado)
Não pense que é só disciplina. Tem dias que a vontade de jogar videogame fala mais alto — e tudo bem! Até Mozart precisava de um tempo livre, não é?
O sonho que não cabe no piano
Enquanto organiza suas partituras — algumas cheias de rabiscos de lápis de cor —, ela solta sem cerimônia: "Quero tocar no Carnegie Hall antes de fazer 15 anos". Referência? Nada menos que Arthur Moreira Lima, seu ídolo que já se apresentou naquele templo da música nova-iorquino.
Os pais, é claro, estão com o coração na mão. "É muita responsabilidade pra uma criança", pondera o pai, que alterna entre orgulho e preocupação. Mas deixam claro: o importante é que ela continue se divertindo. Afinal, como diz a pequena: "Quando toco, sinto borboletas dançando na minha barriga".
E os planos não param: depois de Nova York, já fala em estudar na Juilliard. Enquanto isso, segue sendo uma criança normal — que só acontece de ter um talento extraordinário.