Mãe e Filho Quebram Barreiras e Viram Dupla de Arbitragem no Amazonas: A Paixão pelo Futebol no Sangue
Mãe e filho viram dupla de árbitros no Amazonas

Imagine o campo de futebol, aquela tensão palpável, os jogadores nervosos, a torrada gritando cada decisão. Agora imagine que os dois árbitros responsáveis por manter a ordem nesse caos organizado são mãe e filho. Pois é exatamente isso que acontece nos campos do Amazonas, onde Maria do Perpétuo Socorro e João Vitor não dividem apenas o sobrenome, mas também o apito.

Não foi um caminho de rosas, longe disso. Maria, ou dona Maria como muitos a chamam, começou há mais de uma década, numa época em que ver uma mulher no comando de um jogo era quase como ver um unicórnio. Ela enfrentou aqueles olhares tortos, os comentários de deboche, a desconfiança que sempre acompanha o pioneiro. Mas o amor pelo esporte falou mais alto. O que era um gosto meio escondido virou profissão de verdade, uma carreira construída com suor e muita coragem.

João Vitor cresceu vendo a mãe se arrumar para os jogos. O cheiro da grama molhada, o som do apito ecoando em casa durante os treinos, aquelas conversas intermináveis sobre regras e lances polêmicos durante o jantar. Era inevitável. O futebol foi entrando na veia, mas não pelo lado de dentro das quatro linhas como jogador, e sim pela autoridade de quem as comanda. Aos 18 anos, ele decidiu seguir os passos da mãe – e que passos!

Juntos no Campo de Batalha

A primeira vez que trabalharam juntos, confessa João, foi um misto de orgulho e uma nervura danada. "Ficar sob o comando da minha mãe é uma experiência única. Eu sei que ela é rigorosa, justa e conhece as regras como ninguém. Mas é claro que fico com um pé atrás, com medo de errar e ouvir aquele pito... mesmo que seja só com o olhar", diverte-se.

E dona Maria, é claro, não nega. "É mais exigente com ele do que com qualquer outro assistente? Talvez. Mas é porque eu sei do potencial que ele tem. E, no fundo, é a maior alegria do mundo dividir o campo com meu filho, ver ele crescendo naquilo que ama."

Eles já formaram uma dupla tão conhecida que os clubes e atletas já até estranham quando um está sem o outro. Criaram uma sintonia quase telepática. Um olhar, um gesto rápido é suficiente para se entenderem em meio ao burburinho do jogo.

Muito Mais Que um Jogo

A história deles transcende o esporte. É sobre representatividade, sobre mostrar que o futebol não é um território exclusivamente masculino. Maria abriu caminho, e agora João Vitor ajuda a consolidá-lo. É sobre família, sobre laços que se fortalecem através de uma paixão compartilhada.

E o futuro? Bem, os dois não param de estudar e se qualificar. Sonham com voos mais altos, com campeonatos nacionais, com a chance de mostrar que a arbitragem amazonense, e principalmente essa dupla dinâmica familiar, tem muita qualidade para oferecer.

Enquanto isso, continuam sua rotina. Os treinos, os estudos das regras, as viagens pelo interior do estado. E claro, as conversas depois dos jogos, analisando cada lance, cada decisão. Não como colegas de trabalho, mas como mãe e filho, unidos pelo mesmo amor e pelo mesmo apito.