
Quem diria que um garoto do Rio de Janeiro iria sacudir o mundo do tênis de mesa? Hugo Calderano não só sacudiu como colocou o Brasil no mapa desse esporte que, convenhamos, sempre foi dominado por asiáticos e europeus. E olha que ele nem começou a jogar por acaso — foi paixão à primeira vista, aquela coisa de "é isso ou nada".
Do quintal de casa para o pódio mundial
O começo foi modesto, como a maioria das grandes histórias. Raquetes velhas, bolinhas perdidas pelo chão e uma mesa que já viu dias melhores. Mas o talento? Ah, esse sempre esteve lá, brilhando feito o sol carioca. Aos 15 anos, Calderano já dava sinais de que não era só mais um — campeonatos juvenis, vitórias inesperadas e aquela determinação que faz você pensar: "Esse cara vai longe".
E foi. Como um foguete, diga-se de passagem. Em 2016, com apenas 20 anos, ele já estava nas Olimpíadas do Rio. Não ganhou medalha, mas ganhou algo mais valioso: respeito. Os adversários começaram a perceber que aquele brasileiro alto (1,83m, pra ser exato) não estava lá de enfeite.
O pulo do gato: a virada que ninguém esperava
2018 foi o ano da virada. Calderano fez o que parecia impossível:
- Virou o primeiro latino-americano a chegar às quartas de final de um Mundial
- Entrou para o top 10 do ranking mundial
- Deu um baile nos favoritos com seu estilo único — meio calculista, meio explosivo
E sabe o que é mais impressionante? Ele conseguiu isso sem a estrutura que os europeus e asiáticos têm. Treinava em ginásios emprestados, com patrocínios que mal cobriam os custos. "Faz e amor" não — era garra pura.
2022: O ano que colocou o Brasil no topo
Quando Calderano atingiu o terceiro lugar no ranking da ITTF em janeiro de 2022, até os mais céticos tiveram que engolir seco. Terceiro melhor do MUNDO. Num esporte onde China, Japão e Alemanha mandam e desmandam. Foi como um David brasileiro contra vários Golias de olho puxado.
O segredo? Uma combinação explosiva:
- Técnica apuradíssima — seus "flips" de backhand são coisa de louco
- Preparação física de atleta de alto nível — o cara é um atleta completo
- Mentalidade de vencedor — perdeu? Aprendeu. Ganhou? Quer mais
E tem mais: Calderano é daqueles atletas que transformam derrotas em degraus. Quando cai, levanta mais forte. Quando erra, corrige com uma precisão que assusta. É o tipo de jogador que faz você parar o que está fazendo pra assistir — mesmo que você não entenda nada de tênis de mesa.
O futuro? Brilhante como seu forehand
Aos 27 anos (em 2023), Calderano está no auge. E olha que o auge dele parece não ter teto — a cada torneio, ele surpreende. Paris 2024 está aí, e se depender do brasileiro, vai ter muito chinês e japonês com dor de cabeça.
O que podemos aprender com essa história? Que talento sem trabalho duro não chega a lugar nenhum. Que condições adversas podem ser superadas com determinação. E, principalmente, que às vezes basta um cara obstinado para mudar a história de um esporte num país inteiro.
Calderano não é só o terceiro melhor do mundo. É a prova viva de que, no esporte como na vida, o impossível é só questão de perspectiva.