Daniele Martins: a trajetória inspiradora da ex-atleta paralímpica que faleceu em Uberlândia
Daniele Martins: ex-atleta paralímpica morre em Uberlândia

Uberlândia acordou mais triste nesta quarta-feira. A notícia da morte de Daniele Martins, aos 37 anos, correu como um choque pela comunidade esportiva — afinal, quem acompanhava sua trajetória sabia: aquela mulher era feita de uma liga diferente.

Nascida com uma deficiência física que limitaria muitos, Daniele transformou limitações em degraus. Começou no atletismo paralímpico quase por acaso, quando um professor de educação física notou seu potencial explosivo durante as aulas na escola pública. "Ela corria como se o vento tivesse pressa", lembra o técnico Marcos Aurélio, seu primeiro mentor.

Das pistas às medalhas

Entre 2010 e 2018, Daniele colecionou conquistas que fariam qualquer atleta profissional corar de inveja:

  • 3 medalhas em Parapan-Americanos
  • 5 títulos nacionais consecutivos nos 100m rasos
  • Recorde sul-americano na categoria T37 (quebrado apenas no ano passado)

Mas números nunca contam a história toda. Quem a via treinar descreve cenas quase cinematográficas: "Era a primeira a chegar e a última a sair, mesmo quando as dores insistiam em desanimá-la", conta uma colega de equipe que prefere não se identificar.

O lado humano por trás das conquistas

Longe das pistas, Daniele dedicava-se a projetos sociais que ensinavam crianças com deficiência a enxergarem possibilidades onde outros só viam obstáculos. "Ela tinha um dom para transformar 'não posso' em 'vamos tentar'", emociona-se Dona Maria, mãe de um de seus alunos.

Seu último post nas redes sociais, feito duas semanas atrás, mostrava justamente isso: uma roda de crianças sorridentes ao redor de sua cadeira de rodas, com a legenda "Meus pequenos guerreiros me ensinam mais do que eu ensino a eles".

Um legado que ultrapassa as pistas

A causa da morte ainda não foi divulgada oficialmente, mas fontes próximas à família mencionam complicações de uma infecção hospitalar. O velório acontecerá nesta quinta-feira no Cemitério Municipal São João Batista, aberto ao público das 14h às 18h.

Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #DanieleEterna viraliza com histórias tocantes de quem cruzou seu caminho. Como a de João Pedro, hoje atleta profissional, que postou: "Você me mostrou que limites são só pontos de partida. Obrigado por ter acreditado em mim quando eu mesmo não acreditava".

O esporte brasileiro perdeu hoje muito mais que uma atleta — perdeu uma dessas raras almas que iluminam o caminho dos outros mesmo quando a própria estrada está escura. Mas, como ela mesma costumava dizer após cada derrota: "O importante não é cair, é levantar mais forte". E que legado, hein?