
Imagina só: uma jovem de 23 anos, brasileira, assumindo as rédeas de um clube de futebol profissional na terra da pizza e do calcio. Parece roteiro de filme, mas é a vida real de Victória Silvestre, que acaba de fazer história no esporte europeu.
O Frosinone Calcio — sim, aquele time que já rodou pela Série A italiana — agora tem uma presidente que mal saiu da faculdade. E olha, ela não chegou lá por acaso ou por herança familiar. Victória ralou, estudou como uma condenada e mostrou tanta competência que deixou para trás candidatos com o triplo da sua experiência.
Do Brasil para os gramados italianos
Nascida em São Paulo, Victória sempre teve o esporte no sangue. Mas diferente da maioria das meninas que sonham em ser jogadoras, ela via o futebol por outro ângulo: o da administração. Aos 18, pegou um voo sem volta para a Itália — malas cheias de sonhos e uma determinação que nem time grande tem no segundo tempo.
«Quando cheguei aqui, ouvi cada coisa... Diziam que era muito nova, que não entendia de futebol 'de verdade', que mulher no comando era risco demais», conta ela, com aquela mistura de orgulho e cansaço de quem já enfrentou mil batalhas. «Mas sabe o que é pior? O preconceito me deu mais gás ainda.»
O desafio de comandar entre veteranos
A sala de reuniões do clube parece mais com aqueles filmes de máfia — homens de terno, alguns com mais idade que o próprio time, todos olhando para a nova chefe com uma desconfiança que dava para cortar com faca. Mas Victória, numa jogada de mestre, chegou falando de números, de estratégia de marketing digital, de engajamento com torcedores jovens.
«Ela chegou mandando um PowerPoint que deixou todo mundo calado», ri um dos diretores que preferiu não se identificar. «A menina sabe mais de futebol moderno do que nós todos juntos.»
Mudanças que já estão dando o que falar
Em apenas um mês no cargo, a brasileira já:
- Revolucionou as redes sociais do clube — triplicou o engajamento em duas semanas
- Criou programas para atrair famílias ao estádio (coisa rara por lá)
- Implementou análise de dados para escolher reforços — adeus às contratações no 'chute'
- Abriu as portas do clube para visitas escolares, algo inédito na região
Não é moleza, claro. Ela admite que ainda rola um certo estranhamento quando chega no vestiário — alguns jogadores mais velhos ainda chamam ela de «menina» ou ficam sem graça para discutir contrato. Mas aos poucos, o respeito vai crescendo.
E o que isso significa para o futebol?
Pensa bem: uma mulher jovem, estrangeira, comandando um clube num esporte ainda tão machista. É como encontrar água no deserto — raro, mas possível. Victória virou exemplo não só para outras mulheres, mas para todos os jovens que pensam que precisam esperar os cabelos embrancarem para assumir posições de liderança.
«As vezes me pergunto se estou sonhando», ela confessa, entre uma reunião e outra. «Mas aí lembro que tem muita gente torcendo contra — e isso me faz acordar ainda mais determinada.»
O Frosinone pode não ser o Juventus ou o Milan, mas com essa revolução silenciosa acontecendo nos bastidores, quem sabe não vira case de sucesso? O futebol precisa de sangue novo — e Victória parece ter estoque para uma temporada inteira.